Em somente duas semanas de 2019, o Ceará já sofreu 218 ataques criminosos, em 50 municípios, em onda de terror iniciada no dia 2 de janeiro.
Cearenses que vivem fora do Brasil não estão livres da tensão e do medo. Com amigos e familiares morando no Ceará, a preocupação é constante daqueles que estão distantes. Confira os relatos:
Fábio Bessa/Fisioterapeuta – Aveiro, Portugal
“Televisão eu não assisto muito, mas tenho acompanhado pelas rede sociais e por familiares. Tenho uma amiga que mora no Vila Velha e ela já me contou que colocaram fogo em uma creche e tentaram derrubar viadutos. Também fico sabendo pela minha mãe que tem dois boxes no Centro Fashion. Ela me disse que as facções passam e mandam fechar as lojas com ameaças de explosão. É muito triste tudo isso, fico muito triste pelos meus amigos e familiares terem que passar por isso”.
Maria Júlia/Estudante – Tampa, Estados Unidos
“Eu moro aqui faz uns três anos. A situação de Fortaleza é lamentável. Quando eu saí, a cidade já estava perigosa, mas a situação chegou nesse ponto de não ser terra de ninguém. O tempo passa e os políticos não fazem nada e a população fica vivendo no risco. A minha impressão é de que Fortaleza se tornou uma zona de guerra, temo pelas pessoas que amo. Aqui nos EUA o noticiário não aborda muito o que acontece aí. Fico informada nos jornais de Fortaleza que eu sigo e pelo grupo da minha família”.
Ícaro Joathan/Jornalista – Bournemouth, Inglaterra
“Toda essa situação é muito triste e deixa a gente com medo. Minha família e meus amigos estão em Fortaleza. Obviamente a gente fica aflito e sempre em contato com os familiares. Vejo que o Ceará investiu muito tempo em armar mais a polícia com carros e armas, mas investiu pouco em inteligência. Fora outras políticas como educação, saúde e lazer que estão relacionadas com a violência no Brasil. Enquanto não houver uma busca de diminuir a desigualdade no País, nós estaremos enxugando gelo. Mas diante da situação ações pontuais de segurança pública devem ser tomadas.
É praticamente impossível que essas informações não cheguem até a gente. Sempre chegam mensagem de familiares e amigos com links e vídeos do que tá acontecendo aí. Também vejo pelos veículos de comunicação que eu continuo seguindo. Eu não vejo muito a TV britânica, mas tem sido noticiado sim. Já vi matérias no site da BBC e no The Guardian. Além de de matérias na TV tanto na BBC quanto na ITV. Uma coisa em comum na cobertura aqui, todos abordam o problema da violência como o primeiro grande desafio do governo Bolsonaro”.
Henrique Luz/Engenheiro de Software – Cracóvia, Polônia
“Fico muito preocupado por ter amigos e familiares. O povo não pode continuar sendo refém de bandidos e do crime organizado. Espero que o secretário consiga fazer o mesmo trabalho que ele fez no Rio Grande do Norte. Sei que não vai ser do dia pra noite, mas acredito que as coisas possam melhorar. A forma mais rápida de acompanhar o que tá acontecendo no Ceará é pelo Twitter e pelo WhatsApp. Sempre vejo as publicações de amigos e familiares”.
13º dia de ataques
O Ceará chega ao 13º dia seguido de onda de terror nesta segunda-feira (14), mas com número inferior de ataques. Segundo a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), uma tentativa de atear fogo a um posto de combustível, no bairro Bom Jardim, em Fortaleza, foi registrada na madrugada. Além disso, o prédio da Câmara Municipal de Tururu, a 112 km da capital, foi alvo de tiros.
Ao todo, 218 atentados foram registrados em Fortaleza e em mais 49 cidades cearenses, em 13 dias de terror. Até o momento, 358 pessoas foram presas, até as 9h desta segunda-feira.