Segundo tipo de câncer mais comum entre mulheres (atrás apenas do de pele), o câncer de mama não raro requer como forma de tratamento a mastectomia, retirada completa ou parcial das mamas. Por vezes, a operação surge até como forma de prevenção, como foi o caso da atriz norte-americana Angelina Jolie. Para além dos cuidados médicos, há a questão subjetiva, o modo como cada uma lida com a doença.

Estudando a relação das mulheres com o câncer e a mastectomia, o Grupo de Ensino, Pesquisa e Assistência à Mulher Mastectomizada (Gepam), da Universidade Federal do Ceará (UFC), avaliou a influência de elementos como a fé, a esperança e o conhecimento acerca da doença na vida de pacientes.

Em mulheres com maiores níveis de religiosidade e esperança, houve melhores respostas ao tratamento e uma visão mais positiva sobre a recuperação.

Esses fatores, explica a coordenadora da pesquisa, a professora Ana Fátima Fernandes, estão ligados não apenas à fé religiosa da paciente, mas também ao conhecimento prévio que ela tem sobre como se dá a manifestação do câncer e sobre o processo de mastectomia tanto no pré quanto no pós-operatório. O resultado disso é a maior aceitação do problema e a crença mais forte no tratamento, inclusive com a promoção de uma postura mais ativa diante das condições impostas pela doença.

Para entender como as mulheres enxergam a própria situação e sua esperança de vida, foram realizados questionários com 113 participantes. As perguntas, que resultaram em perfis de cada uma delas, giravam em torno da sensação de conforto pela fé, do medo causado pela doença e da força individual das pacientes.

Uma nova forma de ver a doença

Apesar de ainda ser cercado de tabus, hoje há uma diferença na forma como o câncer é enxergado socialmente. Se antes havia um caráter fatalista, atualmente há uma tendência ao convívio com a doença de forma mais consciente. “Ao longo dos anos, as mulheres se empoderaram e se apoderaram de sua condição, conhecendo-a melhor e passando informações para outras mulheres”, afirma a pesquisadora.

Mesmo com as alterações que a mastectomia provoca no corpo feminino, o grupo constatou que não é a retirada da mama que mais tem efeito sobre as pacientes, mas sim a queda de cabelo causada pelo tratamento químico.

Essa mudança corporal provoca inúmeras reações, tanto positivas quanto negativas, explica a pesquisadora. O estudo aponta que a maioria das mulheres apresenta resposta negativa, em virtude de queda na autoestima. Mas, em alguns casos, pode ocorrer justamente o fortalecimento da autoestima, resultando em maior autoafirmação por parte das pacientes.

 

O grupo

Para contribuir com a difusão dessas informações, o Gepam promove encontros entre mulheres que convivem com o câncer, desde a fase inicial até a cirurgia, em uma troca de experiências e informações que cria um ambiente mais positivo para enfrentar o tratamento.

“Nosso objetivo é que elas se conheçam e possam minimizar alguns problemas de sua vida diária através de ações educativas”, conta a professora Ana Fátima.

O grupo, composto por uma professora e estudantes do Departamento de Enfermagem da UFC, existe desde 1998 e atua para melhorar a qualidade de vida das pacientes, estimulando-as a olhar com mais atenção para si próprias e a ampliar os cuidados pessoais. A professora conta que são muitos os relatos de mulheres que, antes inteiramente dedicadas a cuidados domésticos, hoje investem em mais tempo para si.

Além de fornecer informações relativas ao cuidado da saúde, o Gepam também promove cursos de capacitação, como a confecção de bijuterias, atividade que passa até a ser usada como fonte de renda por algumas pacientes.

Uma das estratégias do Gepam é treinar alunos da graduação e da pós-graduação na temática câncer, tornando-os agentes multiplicadores. “Depois que participam das oficinas educativas sobre o tema, os estudantes começam a ser convidados a dar palestras em empresas e outros órgãos”, explica Ana Fátima.

É justamente nessas ações que o grupo promove a conscientização para a detecção precoce da doença. “Quando falamos sobre isso, muitas vezes a mulher vê que é algo perigoso, vai fazer os exames e é diagnosticada com a doença”, relata a coordenadora do grupo, destacando a importância da prevenção.

Serviço:

As reuniões do Gepam são abertas ao público e ocorrem mensalmente, sempre na segunda quinta-feira de cada mês, na Associação Toque de Vida, com a qual o grupo realiza trabalhos em parceria. Mais informações podem ser obtidas na página da associação no Facebook ou pelo telefone (85) 3223 8038.

Nordeste Notícia
Fonte: O Povo

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