A estimativa para a safra de grãos no Ceará para este ano, referente ao mês de julho, já caiu 78,5% em relação ao volume projetado em janeiro. De acordo com o Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA), divulgado ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a safra cearense deve ser de 228.016 toneladas. Em janeiro, a previsão era de que o volume de grãos chegasse a 1.062.216 toneladas.
Na comparação com a estimativa do mês passado (327.960 toneladas), o volume projetado caiu 30,47%. Segundo o IBGE, as sucessivas reduções das expectativas foram causadas pela seca, que chega ao quinto ano consecutivo no Estado.
Além disso, o Instituto diz que essa projeção deverá diminuir ainda mais, pois 14 municípios atualizarão deus dados neste mês. O IBGE também afirma que as chuvas chegaram atrasadas no Cariri, região em que normalmente estas se iniciam nos meses de novembro e dezembro.
Apesar da piora, o volume projetado para este ano ainda é 0,68% superior ao registrado em 2015 (226.487 toneladas). Em meio à falta de chuvas nas áreas produtoras, houve queda no rendimento e redução da área plantada.
“A área inicialmente prevista não foi efetivamente plantada, e como as chuvas foram bastante irregulares, as áreas que mais produzem milho, que é o carro chefe da nossa safra, registrou uma grande redução”, diz Regina Feitosa, coordenadora do Grupo de Coordenação de Estatísticas Agropecuárias (GCEA) do IBGE.
Balanço da produção
Do grupo de 15 produtos incluídos na pesquisa, nenhum apresentou variação positiva e 10 variaram negativamente: algodão herbáceo de sequeiro, amendoim, arroz de sequeiro, arroz irrigado, fava, feijão de arranca de 1ª safra, feijão de corda de 1ª safra, feijão de corda de 2ª safra, milho de sequeiro e mamona. Com relação à produção de milho de sequeiro (cultivado em terrenos com poucas chuvas), tanto a área plantada como o rendimento decresceram.
Frutas
Das 21 frutas pesquisadas, houve alteração em 18 produtos, sendo 4 mudanças positivas e 14 delas negativas.
Os produtos que apresentam crescimento são: melão, melancia irrigada, acerola e banana irrigada. Os itens que apresentam redução são: melancia de sequeiro, ata (pinha) de sequeiro, banana de sequeiro, goiaba irrigada, goiaba de sequeiro, laranja, limão, graviola, manga de sequeiro, maracujá, seriguela, mamão, tangerina e uva.
A expectativa de produção de julho ficou em 969.456 toneladas para 2016, o que representa uma queda de 0,11%, comparando-se ao mês anterior (970.490 t) e crescimento de 1,39% em relação à primeira expectativa do ano (956.128 t). Comparando com a safra do ano passado, esta apresenta a expectativa de alta de 18,60%, superando a marca da safra passada (817.400 t).
Segundo Regina Feitosa, o racionamento de água acabou afetando a produção de frutas. “Prejudicou muito porque houve perímetros irrigados que não receberam água”, ela diz.
“A agricultura irrigada está sofrendo, no entanto alguns agricultores estão perfurando poços para suprir essa necessidade. Se não fossem essas perfurações o resultado estaria pior ainda”, acrescenta ainda a coordenadora do GCEA.
Brasil
As estimativas para a safra de grãos para o País neste ano também indicam retração, em relação à safra recorde do ano passado. A expectativa é de que volume atinja 189 milhões de toneladas, o que representa uma retração de 9,8% (20,4 milhões de toneladas a menos) em relação à produção de 2015 (209,4 milhões de toneladas).
Em relação à previsão de junho, a queda aumentou em 1,5%, o equivalente a menos 2,9 milhões de toneladas entre um mês e do outro, embora a área a ser colhida continue praticamente a mesma de 2015 (de 57,6 milhões de hectares).
Principais produtos
Com relação aos três principais produtos deste grupo (arroz, milho e soja), que representaram 92,5% da estimativa da produção e 87,5% da área a ser colhida, houve aumento nas projeções de queda na produção.
No caso do milho, o produto de maior queda, a retração na produção frente ao resultado de 2015 chega a 20,5%. Já a produção de arroz caiu 14,7%; e a de soja 0,9%.
Em relação à área a ser plantada, houve aumento de 2,9% para a soja, e reduções de 0,4% na área do milho e de 9,6% na área de arroz, na comparação com o ano passado.
Nordeste Notícia
Fonte: Diário do Nordeste