A presidente nacional do Partido dos Trabalhadores, senadora Gleisi Hoffmann, reagiu ontem à declaração do ex-governador da Bahia, Jacques Wagner (PT), sobre a sigla indicar um vice para a chapa do pré-candidato à Presidência da República pelo PDT, o ex-ministro Ciro Gomes. “Mas ele não sabe que o Ciro não passa no PT nem com reza brava?”, questionou a senadora.
Na última terça-feira, 1º de maio, em Curitiba, Jacques Wagner afirmou que o PT poderia aceitar ser vice de Ciro e disse que estava na hora de o partido “ceder a precedência”. Apesar disso, ele defendeu a manutenção da pré-candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado em segunda instância e preso desde o dia 7 de abril. O ex-governador baiano é apontado como um “plano B” petista nas eleições.
O comentário de Wagner causou reações na cúpula do partido. Ontem, o ex-governador da Bahia foi para as redes sociais reforçar o discurso da unidade do “campo progressista e popular” nas eleições. Em mensagens publicadas no Twitter ontem, Wagner afirmou que é preciso “somar e construir”, e não “dividir”.
“Defendo que caminhemos unidos porque assim teremos muito mais condições de derrotar as forças do atraso e de ensinar à direita e à extrema direita que um país melhor só pode ser alcançado com ideias, propostas e argumentos, não com ódio e violência”, escreveu Wagner.
O ex-governador defendeu o diálogo com partidos de esquerda e outras forças políticas. “A boa política é aquela que se propõe a somar e a construir, não a dividir. Sempre acreditei no diálogo e foi dialogando com os companheiros da esquerda e de outras forças políticas que conseguimos tantas conquistas e avanços, tanto na Bahia como no Brasil”, escreveu na rede social.
Antes, lideranças petistas criticaram a hipótese de a sigla não ter candidatura própria. O líder do PT na Câmara, deputado Paulo Pimenta (RS), afirmou que o ex-governador não expressou posição oficial do partido. Já Ciro Gomes agradeceu Jaques Wagner pelo “carinho”.
No dia 11 de abril, também em Curitiba, Jaques Wagner já havia admitido uma alternativa a Lula dentro do PT. “Eu sou daqueles que defende que, se você tem uma frente, você não pode dizer que ‘só eu tenho o direito de puxar essa frente’, mas está cedo para discutir isso”, afirmou, enquanto visitava o acampamento de manifestantes favoráveis a Lula na área próxima ao local onde o ex-presidente está preso.