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Logo na entrada da cidade de Redenção, interior do Ceará, está ela: de joelhos, nua, com seios à mostra, uma mulher negra eleva as mãos ao alto no que parece ser uma celebração à liberdade. Ao lado dela, uma corrente de ferro termina de compor o painel ‘Negra Nua’, instalado em 1968 pelo artista plástico Eduardo Pamplona.
A imagem não está lá por acaso. Redenção, município localizado a cerca de 55 quilômetros de Fortaleza, foi a primeira cidade do Ceará e do Brasil a abolir a escravidão, em 1º de janeiro de 1883. Um ano depois, em 25 de março de 1884, era a vez do estado do Ceará, que até hoje é lembrado como a “Terra da Luz”.
Embora pioneira, a cidade vive hoje o resultado de anos de escravização – de acordo com especialistas ouvidos pelo g1– o que pode ser sentido em âmbitos como educação, desenvolvimento humano e mais. No entanto, entre os desafios históricos e atuais, a juventude do município e do Ceará encontra novas saída, inclusive na arte.
💡 Neste 25 de março, o Ceará celebra a Data Magna, que marca a abolição dos escravizados no estado, ocorrida em 1884. Conheça abaixo a história de Redenção, primeira cidade do país a realizar a alforria.
Antes de ser Redenção, a região fundada em 1868 era denominada ‘Vila de Acarape’ e pertencia à província de Baturité. O novo nome surgiu após a cidade se destacar no cenário nacional pelo pioneirismo no processo de abolição da escravatura.
Em 1° de janeiro de 1883, a cidade alforriou 116 escravizados que estavam sob o regime e, desde então, esse fato é lembrado de diversas formas, inclusive em monumentos históricos da cidade.
🎨 Vamos passear por alguns deles?
- Os primeiros monumentos construídos para representar o marco da abolição foram o Busto da Princesa Isabel e o Obelisco, que ficam na Praça da Liberdade. Ambos foram feitos em 1933 para celebrar o cinquentenário da abolição.
- Em 28 de dezembro de 1968 foi construído pelo artista plástico Eduardo Pamplona o painel “Negra Nua”. O nome dado ao monumento pelo artista foi ‘A Escrava’, mas a população da cidade decidiu não usá-lo.
- Outro destaque é a estátua de Vicente Mulato, localizada na praça da igreja matriz de Redenção. Construída em 2008 por Francisco Mendes Necreto, a história conta que onde a estátua foi colocada era onde ocorriam os processos de compra e venda de escravizados. Vicente foi o último escravizado da vila a ser alforriado.
O pioneirismo de Redenção e do Ceará é, sem dúvida, um marco significativo na história do Brasil, um dos últimos países a libertar seus escravizados, em 1888. Até hoje, no entanto, a nação lida com as desigualdades provocadas por esse sistema.
g1