Todos os eleitos neste ano em Ipaporanga, no interior do Ceará, foram do PT — Foto: TSE
Todos os eleitos neste ano em Ipaporanga, no interior do Ceará, foram do PT — Foto: TSE

Se a nível nacional os resultados eleitorais do Partido dos Trabalhadores (PT) nas eleições de 2024 chegaram a gerar discussões entre a alta cúpula da sigla, no município de Ipaporanga, no interior do Ceará, o partido foi unanimidade: o prefeito, o vice-prefeito e todos os nove vereadores eleitos em 2024 na cidade são do PT.

O município de Ipaporanga tem cerca de 11.937 habitantes, conforme levantamento do IBGE, e um total de 8.731 eleitores. A cidade fica na região do Sertão de Crateús, próximo à divisa com o Piauí.

O atual prefeito do município, Amaro Pereira (PT), foi eleito em 2020 com 58,44% dos votos válidos contra 41,56% de Dedé Diogo (PL). Ele foi reeleito agora com 7.754 votos, o que corresponde a 91,96% dos votos válidos do município, o maior percentual entre os prefeitos do Ceará.

Além da votação expressiva do gestor, todos os nove vereadores eleitos para a Câmara Municipal são do PT:

  • Rosinha Portela (PT): 1.486 votos
  • Elivelson Rodrigues (PT): 992 votos
  • Valdery Cavalcante (PT): 973 votos
  • Elicia De Paula (PT): 810 votos
  • Michelle Barroso (PT): 631 votos
  • Tintim Bonfim (PT): 630 votos
  • Manoel Cândido (PT): 593 votos
  • Manoel Alves (PT): 543 votos
  • João Paulo (PT): 507 votos

 

Parte dos vereadores eleitos pelo PT nas eleições deste ano em Ipaporanga já tinham assento na Câmara Municipal na legislatura passada, mas trocaram de partido para concorrer neste ano: é o caso de Tintim Bonfim, Elicia de Paula e João Paulo, que eram do PDT, mudaram de partido e foram reeleitos agora pelo PT.

O movimento dos vereadores que saíram do PDT para o PT foi o mesmo do vice de Amaro. Quando Cleoto Bezerra foi eleito vice-prefeito em 2020 com Amaro, ele era do PDT. Em 2024, no entanto, se apresentou à corrida eleitoral filiado ao PT e concorreu numa chapa pura com o incumbente.

Situação é incomum, mas não ilegal

 

Ao g1, o professor do departamento de Direito Público da Universidade Federal do Ceará (UFC), Felipe Braga Albuquerque, explicou que o caso de Ipaporanga, em que um único partido elegeu todos os vereadores, é incomum, mas não ilegal.

Apesar de não haver uma ilegalidade, Felipe Braga destaca que o cenário pode afetar a competência da Câmara Municipal de fiscalizar as ações da prefeitura, isto é, do Poder Executivo municipal.

“Isso é ruim para a democracia, porque como é que vai ter oposição, fiscalização das atividades do município? Vai ficar tudo sobrecarregado nas costas do Ministério Público”, completa.

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