Legenda: A história de Sérgio e Rosália começou numa grande amizade, e eles se apaixonaram em meio a conversas, aulas de hidroginástica e almoços juntos Foto: Arquivo Pessoal
Sérgio Alves e Rosália Borges se encontraram na velhice. Na Casa São Miguel, uma instituição de longa permanência para idosos localizada na cidade de Eusébio, se apaixonaram entre uma atividade e outra.
Ele, um veterano da instituição de 64 anos, vinha de uma longa internação hospitalar por consequências do uso de álcool. Havia perdido vínculo com familiares.
Ela chegou depois, com todo o amparo dos filhos. “É maravilhoso se apaixonar na terceira idade. Eu me sinto bem mais jovem”, diz Rosália, aos 78 anos.

Neste Dia dos Namorados, eles devem celebrar o sentimento que estão construindo há pouco mais de três anos. Na prática, será como todos os dias. Esperam, pela manhã, fazer hidroginástica juntos, como gostam de fazer praticamente tudo. “Estou com esse homem do lado esquerdo do peito. Para onde eu vou, ele vai”, brinca Rosália.

Ela conta que tudo começou numa grande amizade. Os dois se conheceram nas atividades em comum da instituição, que separa as alas de homens e mulheres. “Achei ele tão bonito”, lembra Rosália. A paixão veio com as conversas, as aulas de hidroginástica, os almoços juntos. Cresceu nas canções que Rosália gosta de cantar para Sérgio.

Sérgio e Rosália de mãos dadas, sentados cada um em sua cadeira de rodas
Legenda: Um dia, Sérgio pediu Rosália em namoro, e ela aceitou. Trocaram beijos e passaram a compartilhar mais ainda a rotina Foto: Thiago Matine/Estação das Artes

Um dia, ele a pediu em namoro, e ela aceitou. Trocaram beijos e passaram a compartilhar mais ainda a rotina. Uma fotografia do casal tem rodado as redes sociais, alguns estados e até uma exposição. É um lembrete de que as instituições de longa permanência estão mudando e podem ser um espaço de vida e celebração do amor.

“Somos a favor do amor. A gente deu muito apoio”, diz a gestora da Casa São Miguel, Márcia Alencar. Rosália e Sérgio namoram como na adolescência. Cada um mora em uma ala diferente da instituição. Cada um em sua cadeira de rodas, passeiam e celebram o sentimento que os une.

Mãos de Sérgio e Rosália entrelaçadas
Legenda: Uma fotografia de Sérgio e Rosália integra a exposição fotográfica “Memórias de Permanência”, aberta à visitação no Complexo Cultural Estação das Artes Foto: Thiago Matine/Estação das Artes

A imagem deles é uma das 21 que integram a exposição fotográfica “Memórias de Permanência”, aberta à visitação no Complexo Cultural Estação das Artes. São registros feitos por profissionais de instituições de longa permanência para romper os estigmas da institucionalização neste junho violeta, mês da campanha em defesa da população idosa. A mostra é uma parceria entre o Ministério Público do Ceará e a Associação Cearense Pró-Idosos.

“Isso mostra que instituição não é um depósito, um lugar que você simplesmente deixa o idoso. É um lugar de vida”, destaca Márcia. Rosália e Sérgio concordam. De mãos dadas, eles foram visitar a exposição na Estação das Artes. Viram a vida que reinventam todos os dias na própria imagem. “Fico emocionada”, diz Rosália, enquanto conta sua história.

 

 

g1

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