As condições climáticas adversas que marcaram o plantio e o desenvolvimento de lavouras de soja nas regiões Centro-Oeste, Sudeste e no Matopiba (confluência entre Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia) levaram a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) a novamente reduzir sua estimativa para a produção brasileira de grãos nesta safra 2023/24. Segundo novos números divulgados nesta terça-feira pela estatal, a colheita deverá totalizar 295,6 milhões de toneladas, com quedas de 1,4% (4,2 milhões de toneladas) ante a previsão anterior e de 7,6% (24,2 milhões de toneladas) na comparação ao volume recorde do ciclo 2022/23.
Do corte em relação ao relatório divulgado pela Conab no início de fevereiro, a soja respondeu por 2,5 milhões de toneladas. Para a oleaginosa, carro-chefe do agro nacional, a estatal passou a calcular produção de 146,9 milhões de toneladas em 2023/24, 5% menos que em 2022/23. Para a colheita total de milho (safra de verão e safrinha), que também sofreu com o clima em importantes polos produtores, a redução ante a previsão do mês passado foi de 943,5 mil toneladas, para 112,8 milhões de toneladas, número 14,5% mais baixo que o do ciclo passado.
Diferentemente do que normalmente acontece, as quebras das safras de soja e milho não têm sido suficientes para gerar alta de preços desses grãos no mercado doméstico – o que é fonte de preocupação para os produtores, por um lado, mas, por outro, serve para conter uma inflação dos alimentos. Isso porque as cotações estão em patamares mais baixos no exterior, em razão de balanços globais confortáveis entre oferta e demanda, e o Brasil é diretamente influenciado por esse cenário por ser um grande exportador.
Diante das intempéries e da demanda aquecida no mercado interno, contudo, os embarques brasileiros desses grãos deverão diminuir nesta safra. De acordo com a Conab, os de milho deverão somar 32 milhões de toneladas, ante 54,6 milhões em 2022/23, ao passo que os de soja tendem a recuar de 101,9 milhões para 92,3 milhões de toneladas.
No caso de arroz e feijão, básicos no prato do brasileiro, as estimativas da Conab apontam para produções firmes em 2023/24. Para o arroz, a estatal sinaliza 10,6 milhões de toneladas, 5,2% mais que em 2022/23, e para o feijão indica 3 milhões de toneladas, volume estável. Para o algodão, a previsão da estatal foi ajustada para 3,6 milhões de toneladas, um incremento de 12,2%, enquanto para o trigo, que será semeado apenas em meados do ano, a projeção é de crescimento de 18,4%, para 9,6 milhões de toneladas.
IBGE
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) também corrigiu para baixo sua estimativa para a colheita de grãos no país em 2024 – passou a trabalhar com um total de 300,7 milhões de toneladas, 4,7% menos que em 2023. O órgão reduziu sua previsão para a soja para 149,3 milhões de toneladas e baixou a de milho para 116,9 milhões. De acordo com o órgão, a colheita de arroz deverá chegar a 10,4 milhões de toneladas.