Moradores de cidades do interior do Ceará foram surpreendidos por uma grande “bola de fogo” cruzando o céu na noite desta sexta-feira (22). O fenômeno foi observado nos municípios de Juazeiro do Norte, Solonópole, Crato, Mauriti, Brejo Santo, Acopiara, entre outros.

Os vídeos feitos pelas pessoas que testemunharam o momento mostram a “bola de fogo” bastante brilhosa cruzando o céu. Durante as gravações, os moradores chegaram a questionar se o que estavam observando seria uma chuva de meteoros ou um avião pegando fogo. As duas hipóteses foram descartadas.

O professor de astronomia Romário Fernandes afirmou para o g1 que as análises preliminares mostraram que o fenômeno trata-se, na verdade, da reentrada de lixo espacial.

Moradores registaram "bola de fogo" cruzando o céu no Ceará. — Foto: Arquivo pessoal
Moradores registaram “bola de fogo” cruzando o céu no Ceará. — Foto: Arquivo pessoal

“Pelas características visuais, é um objeto que cruza o céu muito lentamente, muito brilho e em alguns vídeos podemos perceber que ele é fragmentado, são vários objetos que vão cruzando paralelamente o céu. Essas características todas são sugestivas de lixo espacial, ou seja, da reentrada de alguns fragmentos oriundos de satélites, de foguetes, de material que foi colocado em órbita pelo ser humano”, afirmou Romário Fernandes.

Conforme o astrônomo, Lauriston Trindade, da Rede Brasileira de Monitoramento de Meteoros (Bramon), a bola de fogo foi formada pela reentrada de lixo espacial do foguete chinês Longa Marcha 2C, lançado em janeiro de 2018.

“Existia uma previsão dessa reentrada pelo Nordeste do Brasil e ela acabou se concretizando ontem. Esse corpo de foguete se aproximou demais da atmosfera e por conta da velocidade dele gera um aquecimento e começa a se fragmentar. Normalmente esse corpo de foguete é feito de alumínio, um material resistente, mas que é muito leve. Então ele vai sendo consumido a medida que vai avançando na atmosfera”, explicou Lauriston Trindade.

Apesar de causar bastante dúvidas na população pela grandiosidade do fenômeno, essa reentrada de lixo espacial não traz riscos.

“Geralmente não tem risco porque acaba se desintegrando em altas altitudes, mas eventualmente alguma parte mais densa poderá chegar até o solo. A vantagem é porque como a área muito grande as chances de cair sobre alguma casa são muito pequenas. Os foguetes são projetados para que a as partes grandes possam ser desintegradas”, disse o astrônomo.

g1

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