Dizem que nunca é tarde demais para recomeçar e Roseli Alves da Silva é prova disso. Aos 68 anos, o aposentado terminou o ensino médio no Educar Sesc do município de Iguatu, no Ceará, em uma turma da Educação de Jovens e Adultos (EJA), em agosto, e se prepara para fazer o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM).
‘Eu gostaria de ser engenheiro agrônomo ou matemático. A educação melhorou muito a minha vida, me transformou’, contou ao g1.
O homem, que trabalhava com floricultura, explica como surgiu a vontade de começar a estudar:
‘O Dauyzio (filho dele) sempre me dava a ideia, mas eu não levava a sério. Então, as professoras Carla e Zulene vieram aqui e me incentivaram a estudar. Já fui pronto para aprender a andar só, porque só andava com auxílio de outra pessoa. Comecei a estudar, gostando mesmo. Fui para aprender. Comecei do zero’.
As primeiras palavras de Roseli foram nomes de municípios e animais ou ‘o que vinha na cabeça’, como disse o estudante. Adora estudar Conhecimentos Gerais e escreve ao menos uma redação por dia. Usa também aulas em vídeos como forma de aprimorar o que aprende com sua monitora.
Foram oito anos até a formatura. Orgulhoso, o filho participou do momento e entregou o canudo de formatura ao pai.
Analfabetismo no Brasil
De beca, capelo e faixa, Roseli realizou o desejo de pelo menos 9,6 milhões de brasileiros que ainda não sabem ler ou escrever, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística de 2022.
A taxa de analfabetismo recuou, mas ainda atinge 5,6% da população. Quando falamos de pessoas idosas, são 5,2 milhões.
‘Sempre tive muito apoio. No ensino fundamental, tinha transporte à disposição e meus filhos, nora e vizinho me ajudaram. Fui muito bem tratado pelos meus colegas de colégio. Uma das finalidades maiores que tenho é dar bom exemplo para as pessoas’, concluiu Roseli.