Parte da população do Amazonas encontra cada vez mais dificuldades para se conectar com o restante do País. Neste sábado, a ponte sobre o Rio Rio Autaz Mirim, localizada no km 25 da BR-319, desabou horas após ter ser interditada.
A informação foi confirmada pelo o governador Wilson Lima em uma rede social. A BR é o único acesso terrestre do estado ao restante do país. Segundo o chefe do executivo, uma equipe do governo federal irá avaliar o local neste domingo (9). Ainda de acordo com o governador, o desabamento não deixou feridos.
A queda ocorreu horas após a Polícia Rodoviária Federal no Amazonas (PRF-AM) e o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) anunciarem a interdição da estrutura.
A interdição ocorreu 10 dias depois do desabamento da ponte sobre o Rio Curuçá, que ficava no km 23 da rodovia. O desabamento da primeira ponte deixou, pelo menos, quatro mortos, 14 feridos e uma pessoa ainda está desaparecida, segundo o governo estadual.
O Dnit informou que a ponte sobre o rio Autaz Mirim foi totalmente interditada neste sábado para o tráfego de veículos e passagem de pedestres. A travessia tem 174 metros de extensão. “Foi um corre, corre. A ponte começou a estalar, seria outra tragédia”, disse uma das pessoas que estavam no local.
DESABAMENTO DA PRIMEIRA
Alguns municípios do Amazonas que dependem da BR-319 começam a passar por desabastecimento, uma semana após o desabamento da primeira ponte, que fica sobre o Rio Curuçá, na altura do município de Careiro da Várzea.
As entregas de alimentos, gasolina e insumos passaram a enfrentar longa espera. Moradores e caminhoneiros enfrentam dificuldades para chegar aos municípios afetados.
A vazante (seca) dos rios do Amazonas agrava o problema, pois prejudica a navegação em alguns trechos e apresenta riscos de colisões que podem provocar naufrágios.
A BR-319 liga Manaus e outras cidades amazonenses a Rondônia, possibilitando a interligação do Amazonas ao restante do país por terra.
Como a rodovia possui vários rios ao longo dos seus mais de 800 quilômetros de comprimento, as pontes acabam ligando a BR em diferentes pontos dentro da floresta amazônica.
Quando a ponte sobre Rio Curuçá caiu, o Governo do Amazonas e o Dnit afirmaram que uma ponte de metal seria instalada de forma emergencial, mas isso ainda não foi feito. A nova previsão era que a instalação dessa estrutura metálica começasse neste fim de semana.
Segundo o Governo do Amazonas, a instalação é de responsabilidade do Dnit, que conta com o Exército para a realização do trabalho. Além de ligar Manaus ao Estado Rondônia, o trecho da BR-319 é caminho de cidades como Careiro Castanho, Manaquiri, Lábrea e Autazes, todas no Amazonas.
INVESTIGAÇÕES E HISTÓRICO
A Polícia Federal (PF), Ministério Público Federal (MPF) e Polícia Civil do Amazonas (PC-AM) se mobilizaram para apurar as causas e identificar os responsáveis pelo desabamento da ponte sobre o Rio Curuçá.
Criada durante a Ditadura Militar, a BR-319 surgiu com a proposta de integrar o Amazonas ao restante do país, mas sofre há décadas com falta de estrutura para tráfego. Durante a campanha eleitoral de 2018, o presidente Jair Bolsonaro prometeu asfaltá-la.
Grande parte da rodovia segue imprópria para o trânsito de veículos em meio a impasses ambientais e burocráticos. São cerca de 800 quilômetros que separam Manaus de Porto Velho (RO), uma distância que poderia ser percorrida em 12 horas de carro. A recuperação da área está estimada em R$ 1,4 bilhão.
A rodovia possui diversos trechos danificados e não tem pavimentação em quase toda a sua extensão, o que provoca atoleiros “gigantes” no período chuvoso. Já no período de estiagem, os motoristas reclamam de outros problemas: buracos e poeira. Em alguns casos, crateras se abrem em trechos.
Na parte de Manaus, a rodovia já é um desafio logo no início, já que ela começa dentro do Rio Amazonas, numa área próximo ao bairro Distrito Industrial e ao famoso Encontro das Águas dos rios Negro e Solimões.
Para partir do Amazonas em direção a Rondônia pela BR-319, pedestres e moradores se deslocam até um porto chamado ‘Ceasa’. Desse porto, pedestres entram em embarcações – barcos, lanchas e balsas – e motoristas, incluindo caminhoneiros, embarcam em balsas. É que todos os usuários da estrada precisam atravessar o rio para chegar à faixa de terra do outro lado, onde fica a área da ponte sobre o Rio Curuçá, a primeira que caiu. O trajeto dura, em média, 45 minutos.
g1