Pacientes foram vistos em cadeiras e até no chão do Hospital de Messejana Dr. Carlos Alberto Studart (HM), referência no atendimento de coração no Ceará. Por falta de leitos, idosos recebem medicação fora de salas de consulta e improvisam “camas” para não ficar horas em pé, segundo relatos de familiares. Um vídeo feito por um familiar mostra um idoso de 76 anos deitado na unidade. (Veja vídeo acima.)
“É um descaso terrível. São idosos de 90 anos no chão, além do chão ser sujo, banheiro sujo, não tem um lugar para um banho descente. Não sei nem como explicar. Lá dentro é um lugar absurdo”, reclamou a filha do paciente que veio de Pedra Branca, a 262 km de Fortaleza.
A Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) informou ao g1 que, por ser referência estadual e ter uma demanda crescente, o Hospital de Messejana opera “além da sua capacidade”, com 63 pacientes extra-leito.
“Fatores como a alta demanda reprimida, por conta da pandemia de Covid-19, e o aumento do número de pacientes com necessidades cirúrgicas, têm impactado diretamente na superlotação da unidade. A Sesa ressalta, que embora esteja operando além da capacidade, todos os pacientes estão sendo assistidos.”
Transferência de pacientes
A pasta ressalta que os pacientes menos complexos são transferidos para leitos de retaguarda em hospitais secundários parceiros, como o Hospital Estadual Leonardo da Vinci. “Além disso, reuniões diárias e o monitoramento das altas, são estratégias adotadas com o objetivo de fazer a rápida e segura liberação de leitos”, diz a Secretaria da Saúde.
Paciente com infarto
A agricultora Régia de Sousa também lamenta a situação do hospital. Ela denuncia que a tia chegou de Pedra Branca no sábado (18). Desde então, busca um leito para a tia e a direção afirma aos familiares que não existe.
O marca-passo que ela usa há falhou, ocasionando um infarto. Nesta terça-feira (21), segundo a sobrinha, ela se encontra em uma cadeira no corredor da unidade aguardando atendimento.
“Desde que ela chegou, na madrugada do último sábado, ela está em uma cadeira. E não só ela, mas outros pacientes. A maioria é de idosos e em cadeiras no corredor esperando uma vaga na enfermaria, mas não tem. É muito complicado, pois ela está muito debilitada”, afirmou.
Sobre a paciente citada, a Sesa informou que ela deu entrada na unidade no domingo, dia 19, e é avaliada e acompanhada por profissionais da unidade. Ela aguarda exames complementares e nesta tarde será avaliada pela comissão de marca-passo.
g1