Legenda: Fenômeno é estudado há anos, mas só nesta semana será possível saber qual será a dimensão da chuva de meteoros
Foto: Lauriston Trindade

Os astrônomos estão de olho em um evento que pode encantar também a visão dos cearenses, na madrugada desta terça-feira (31), com a possibilidade de uma chuva atípica de meteoros: a Tau Herculids. Caso os cálculos sejam confirmados, Fortaleza pode ter uma taxa máxima de 17.859 detritos por hora.

Os riscos iluminados que devem aparecer no céu são fragmentos do cometa 73P/Schwassmann-Wachmann 3 (SW3), descoberto em 1930. Essa pode ser a primeira vez em que a Terra vai passar na região onde está uma concentração maior de poeira e de detritos do cometa, que geram os meteoros.

 

Existe uma estimativa de que o fenômeno cause entre 140 a 1.400 meteoros por hora, conforme o Observatório Nacional

 

Essa chuva de meteoros atípica pode, então, ser classificada como uma tempestade de meteoros, que é a denominação para o fenômeno causado por densas nuvens de partículas.

Mas esse é um cálculo difícil de ser estabelecido devido ao ineditismo do evento. A observação pode ser feita entre 23h desta segunda (30) e às 3h da terça (31), com pico às 2h.

CONFIRA AS ETAPAS DA CHUVA DE METEOROS:

  • 31 de maio, às 00h11: a Terra atravessa a trilha de detritos deixadas pelo Cometa 73P em 1892 e 1941. São esperados até 50 meteoros por hora.
  • 31 de maio, às 2h05: Nosso planeta atinge a trilha deixada pela ruptura do 73P em 1995. A modelagem matemática com base no padrão regular de um cometa aponta taxa de 600 a 700 meteoros por hora, mas ao considerar a fragmentação esse indicador pode subir para até 100 mil meteoros.

A Rede Brasileira de Monitoramento de Meteoros (Bramon) estima a taxa máxima de 17.859 meteoros por hora no céu de Fortaleza, em condições ideais de observação. Não será necessário nenhum tipo de equipamnto para a visualização e os riscos devem aparecer em várias regiões do céu.

 

capital brasileira
Legenda: Taxa de meteoros por hora de cada capital brasileira Foto: Reprodução/Bramon

“O fenômeno tem a possibilidade de ser fora do comum, porque o cometa que produz essa radiante se fragmentou. Então, a Terra passa dentro da nuvem de fragmentos e há a possibilidade de uma chuva de meteoros maior”, explica Heliomárzio Moreira, professor de física e astronomia.

Fatores como a poluição luminosa e céu nublado podem prejudicar a visualização, como explica o também membro voluntário do Grupo de Estudo e Pesquisa em Astronomia e Cosmologia do IFCE (Gepac).

“Na cidade, com uma taxa normal de 100 meteoros por hora, você vê dois ou três – só os mais brilhantes”, destaca sobre má condições nos centros urbanos. Realidade diferente dos municípios do interior onde o cenário é mais favorável.

E a chuva que banha a Capital e outros municípios do Estado pode interferir na visualização do fenômenos, conforme a previsão do tempo feita pela Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme).

Para a terça-feira (31) é esperado céu variando de parcialmente nublado a poucas nuvens, com alta possibilidade de chuva isolada em todas as macrorregiões.

“Não é possível predizer com precisão. Pode ser que nada aconteça, pode ser que seja uma chuva fraca, intensa e até mesmo uma tempestade de meteoros”, reforçou o astrônomo Marcelo De Cicco à equipe do Observatório Nacional.

Tempestade de meteoros

Essa chuva de meteoros acontece perto da estrela Tau da constelação do Hércules, como explica o astrônomo amador Lauriston Trindade, membro da Bramon. Daí, então, o nome do fenômeno.

“É um cometa pequeno, de 1,5 km de diâmetro – parece grande, mas em termos astronômicos é muito pouco”, detalha sobre a fonte dos detritos que formam a chuva. O 73P está em um processo de fragmentação. Em 1994, os astrônomos perceberam que ele se dividiu em 4 pedaços.

“Em 2006 já eram 68 pedaços, estava quebrando mais e mais, gerando muita poeira e partículas no espaço”, detalha Lauriston.

 

Fragmentação
Legenda: Fragmentação constante do Cometa 73P causa aumento da intensidade de meteoros Foto: Reprodução/NASA

“Houve quem calculasse, ainda em 2006, que existiria uma grande chance de que em 2022 a Terra poderia cruzar a região correspondente a toda essa quebra”, completa.

Em diálogo com pesquisadores franceses, Lauriston reforça a expectativa dos astrônomos para uma ampla intensidade de meteoros. Esse acontecimento deve ser visto em completude no México.

“Nós aqui no Ceará vamos ver uma quantidade menor, mas mesmo assim as nossas previsões apontam 17 mil meteoros por hora”, pondera.

 

A perspectiva da gente ver um espetáculo bem diferenciado, inédito para nossas gerações, é bem grande. A última vez que a gente teve uma chuva nessa intensidade foi em 1833

LAURISTON TRINDADE
Astrônomo amador

 

O estudioso se refere à tempestade de meteoros Leonids, que aconteceu em novembro de 1833. Na ocasião, populações temeram o fim do mundo com os riscos no céu.

 

Ilustração
Legenda: Ilustração mostra tempestade de meteoros em 1833 que causou temor na população Foto: Reprodução/Adolph Vollmy

 

 

 

DN

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