Destaque na primeira edição do Festival Nacional de Contadores de Histórias no Ciberespaço, realizado em março deste ano, a indígena cearense Auritha Tabajara – natural do município de Ipueiras, distante 300 km de Fortaleza – aprendeu a ler e a escrever com cerca de seis anos de idade.
De lá para cá, mediante constantes atravessamentos no universo das palavras, desenvolveu um gosto singular pela Literatura de Cordel, tendo escrito o seu primeiro folheto com apenas nove anos. A predisposição para ingressar nessa arte deu-se exatamente devido à observação da ausência de representação de seus anseios e particularidades nos versos de matriz popular.
Em 2007, ela publicou o livro “Magistério Indígena em versos e poesia”, o qual foi adotado como leitura obrigatória nas escolas públicas pela Secretaria de Educação do Ceará. Onze anos depois, veio a público a obra autobiográfica “Coração na aldeia, pés no mundo”, via selo U’KA Editorial – pertencente ao escritor indígena Daniel Munduruku.
AURITHA TABAJARA
Sempre com esmerada reverência aos antepassados, sobretudo a avó – a parteira Francisca Gomes de Matos, 92 anos –, Auritha Tabajara dedica-se ao mapeamento de outras colegas indígenas cordelistas, uma vez que ainda não há registros nos grupos nacionais dos quais ela integra.
“Pois eu sou é nordestina/ tenho orgulho de dizer/ Sou Tabajara, ando vestida/ como o que for pra comer/ Uso celular e internet/ porque trabalhei pra ter”, expressa a poeta em uma de suas criações, quebrando a visão arbitrária e discriminatória sobre o modo de viver indígena.
É possível acompanhar o trabalho de Auritha Tabajara nas redes sociais e em seu canal, no YouTube.