A cidade de Cascavel, na Grande Fortaleza, tem extensa fila com aglomeração e desrespeito às medidas de prevenção contra Covid-19 em vacinação por ordem de chegada neste sábado (12). As pessoas se cadastraram on-line previamente, e a prefeitura optou por fazer uma convocação para imunizá-las por distribuição de senhas. Moradores ‘dormiram na fila’ para garantir atendimento. Outros saíram de madrugada dos distritos da zona rural.
A área da escola Escola Júlia de Melo, um dos pontos de imunização, ficou bastante movimentada, com a presença de ambulantes e dos acompanhantes das pessoas que foram se vacinar. A fila nas imediações da escola é tão grande que avançou por outras ruas. A Secretaria de Saúde ressaltou que as pessoas foram cadastradas e que há vacina suficiente.
Doméstica chegou ao local de vacinação às 7h para garantir senha e conseguir ser imunizada em Cascavel. — Foto: Halisson Ferreira
A doméstica Vanda Maria do Nascimento Lima, 51 anos, chegou ao local por volta das 7h para garantir a senha e conseguir ser vacinada. Mas segundo ela, alguns colegas que estavam na fila, os primeiros a chegar no local, viraram a noite para garantir a imunização.
“Eu não desisti. Eu fiquei e consegui a minha senha. Muita gente me encontrou no meio do caminho e disse que eu voltasse, e eu não desisti. Teve gente que dormiu aqui. As primeiras pessoas chegaram ontem, às 21h para conseguir uma senha. Eu fiz o cadastro, que é obrigatório, consegui a senha e agora vou tomar minha vacina.”, disse.
“Chegamos 6h30 e era uma fila enorme e mal organizada. Aí o pessoal da prefeitura veio e começou a entregar as fichas, mas ainda tem muita gente”, disse um outro morador que estava na fila da vacinação e conversou com o G1 por telefone, mas preferiu não se identificar.
Agricultora percorreu 3 km a pé para se vacinar
Agricultora que mora em um distrito de Cascavel percorreu 3 km a pé para chegar ao local de vacinação. — Foto: Halisson Ferreira
A agricultora Jane Rocha e Silva, 46 anos, mora no distrito de Guanacés, e percorreu três quilômetros a pé para chegar na rodovia e pagar um motorista para deixá-la na escola onde a vacinação ocorre. Chegando ao local, quando ainda estava escuro, às 5h10, ao se assustar com o tamanho da fila, ela pediu o celular de alguém emprestado, ligou para os filhos avisando que ia demorar e pediu que eles alimentassem os pintos que ela cria. Dona Jane, como prefere ser chamada, é diabética, toma remédios para pressão alta e para o coração.
“Muita desorganização. O certo era eles irem aos distritos. A gente sai correndo risco nas beiras das pistas atrás de carro. De lá para cá eu pago R$ 10. Dez para vir e dez para ir. E se eu não tivesse? Saí (de casa) no escuro, cheguei era 5h10. Fiquei assustada, cheguei pedindo para alguém ligar para os meus filhos porque eu não sabia que horas ia voltar, pensava que era ligeiro. Dizem que não é para ter aglomeração, mas o que é isso aqui?”, questionou dona Jane.
Mecânico levou cadeira
O mecânico Francisco Erivaldo Zacarias levou uma cadeira para não passar muito tempo em pé na fila de vacinação em Cascavel. — Foto: Halisson Ferreira
Francisco Erivaldo Zacarias, de 53 anos, que trabalha como mecânico, foi outro que madrugou no local para garantir a senha. Ele chegou às 4h30 e, como já imaginava que enfrentaria uma longa fila, levou uma cadeira para não ficar em pé durante horas.
“Cheguei 4h30 da madrugada e até agora não consegui nada ainda, mas se Deus quiser vai dar certo. Mas estou tranquilo. Tirei a senha 467. Trouxe a cadeira para não ficar em pé direto, desde 4h30, até agora. Tem gente demais. Tem gente cortando a fila, está mal organizado”, disse o mecânico.
O que diz a Secretaria de Saúde
Em entrevista à TV Verdes Mares, a secretária da Saúde de Cascavel, Margareth Teles, disse que, apesar de a distribuição de senhas, todas as pessoas que estão nos pontos de vacinação estão cadastradas na plataforma Saúde Digital. Ela disse ainda que a quantidade de doses que o município recebeu foi destinada às pessoas que já tinham feito cadastro para vacinação até o dia 7 de junho.
“O próprio sistema não nos permite tirar por data. Então, inviabilizou para que nós convoquemos, nominalmente, seguindo uma sequência lógica de agendamentos por data. Nós trabalhamos a população, divulgamos pontos de vacinação, que não é só esse. Dividimos as faixas etárias, também as categorias, nós estamos com profissionais da educação em outro local, outra categoria de faixa etária em outro local, em um posto de saúde. E aqui nós temos em torno de 1.200 vacinas para esse público, e assim nós fizemos”, disse a secretária.