“Embora respeite a decisão da Anvisa de veto ao uso emergencial da Sputinik V neste momento, não posso deixar de expressar minha decepção e estranheza, pelo fato da mesma vacina já ser usada em muitos países, e com eficácia demonstrada. O próprio Comitê Científico do Nordeste se posicionou favorável ao uso da Sputinik V”, expressou Camilo.
O gestor também teceu críticas à agilidade na distribuição da vacina pelo Governo Federal. “Continuarei lutando por essa autorização, de forma segura e seguindo todas as regras, para podermos trazer a vacina para nossa população o mais rápido possível, principalmente diante da lentidão do Governo Federal no repasse de vacinas aos estados. O que não aceitarei jamais é que haja qualquer tipo de politização desse processo. Isso é absolutamente inaceitável”.
Resumo da decisão da Anvisa
- Decisão unânime foi tomada após 14 estados pedirem autorização para importação emergencial de quase 30 milhões de doses;
- Três gerências técnicas da agência (medicamentos, fiscalização e monitoramento) deram pareceres contra a importação;
- Anvisa apontou que NÃO recebeu relatório técnico capaz de comprovar que a vacina atende a padrões de qualidade e NÃO conseguiu localizar o relatório com autoridades de países onde a vacina é aplicada;
- Anvisa diz que a maioria dos países que autorizaram a aplicação da vacina não têm tradição na análise de medicamentos; além disso, em 23 países com contrato, a vacinação não começou;
- Gerência de Medicamentos apontou diversas falhas de segurança associadas ao desenvolvimento do imunizante. Na mais grave, explicou que o adenovírus usado para carregar o material genético do coronavírus não deveria se replicar, mas ele é capaz de se reproduzir e pode causar doenças;
- Gerência de Inspeção e Fiscalização relatou que técnicos da Anvisa não puderam visitar todos os locais de fabricação da vacina durante inspeção na Rússia; dos sete pontos previstos, técnicos conseguiram visitar apenas três locais;
- Fundo Russo tentou cancelar inspeção presencial e não autorizou acesso ao Instituto Gamaleya, que faz o controle de qualidade;
- Anvisa não conseguiu identificar os fabricantes da matéria prima da vacina.
Acordo de compra
Mesmo sem a autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para o uso da vacina. O Ceará adquiriu um lote de 5,87 milhões de doses do imunizante russo, conforme anunciado pelo governador Camilo, e confirmado no último dia 19 de março. O lote comprovado, se aprovado, deveria começar a chegar neste mês de abril.
O ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), publicou decisão que determinava a autorização da compra da vacina russa contra Covid-19 pelo estado do Ceará, caso a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) não respondesse a respeito da autorização para o uso da vacina no país.