O cenário do Estado do Ceará durante a pandemia da Covid-19 também é preocupante dentro do Sistema Socioeducativo. Conforme pesquisa do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), com 170 casos, o Ceará é o segundo estado do Brasil com mais casos de adolescentes em conflito com a lei que, internados em centros, foram infectados pelo coronavírus.
No topo do ranking está São Paulo, com 506 registros, e em terceiro lugar Alagoas, com 141 testes positivos. Em todo o País, são 1.716 confirmações dentre este público e quase 40% das ocorrências da doença na região Nordeste. Apesar das taxas, nenhum adolescente morreu nas unidades devido à complicações da Covid-19.
Os números do CNJ correspondem do início da pandemia até o último dia 22 de março. Os dados presentes no levantamento da Superintendência do Sistema Estadual de Atendimento Socioeducativo (Seas) do Ceará têm uma pequena diferença em relação às estatísticas do CNJ. De acordo com a Seas, eram 166 adolescentes infectados até a tarde dessa segunda-feira (29).
Apesar da diferença mínima nas estatísticas dos órgãos, os números apontam uma média de três casos por semana, no Sistema Socioeducativo do Ceará, em pouco menos de um ano. Os dados revelam ainda que, mesmo reclusos à margem da sociedade, esses jovens suspeitos de cometerem infrações não estão livres da doença viral.
SURTO NAS UNIDADES
Dos 17 Centros Socioeducativos no Estado, em cinco nunca se confirmou caso de adolescente infectado pelo coronavírus. Já o Centro Socioeducativo São Miguel, localizado no bairro Passaré, em Fortaleza, foi onde se registrou surto da doença. com 237 casos suspeitos e 48 confirmados após ampla testagem.
O juiz Manuel Clístenes explica que, atualmente, o São Miguel é utilizado como um espaço de quarentena. “O adolescente que entra no Sistema passa pelo São Miguel. Se ele testa positivo, vai para o Canindezinho, que é onde tem uma ala para maiores cuidados do adolescente que se torna paciente”.
367 profissionais que atuam nos Centros foram infectados
“No primeiro momento, quando a pandemia chegou no Estado, existiu a falta de insumos. Hoje, o que nós temos apontado bastante é a falta de higiene estrutural em unidades obsoletas. Situação precária em muitos desses centros, falta de condições físicas dos adolescentes habitarem. Os números preocupam. Constatamos em algumas unidades a ineficiência do consumo desses materiais, eles sendo utilizados de forma errada. A Defensoria faz o trabalho de fiscalizar, estar presente e conversar com os dirigentes do Sistema para buscar uma solução”, salientou o defensor público membro do Nuaja.
Ainda de acordo com o juiz Manuel Clístenes, devido ao aumento nos casos, as audiências vêm acontecendo de forma virtual, sem acompanhamento presencial da família e as visitas dos parentes suspensas nos Centros: “precisamos dizer que há sim um agravamento da situação”, acrescentou.
Nordeste Notícia
Fonte: SVM