O Conselho do DF cita o Amazonas como exemplo negativo de lockdown (Foto: LOUISA GOULIAMAKI / AFP)

Após o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), decretar lockdown (fechamento) para conter o avanço da Covid-19, o Conselho Regional de Medicina (CRM-DF), enviou, nesta segunda-feira, 1º, nota contrária às medidas sanitárias implementadas pelo governo. O conteúdo também está no site oficial da entidade. O Estadão apurou ainda que o conselho também enviará o mesmo posicionamento às assessorias dos deputados federais.

Na nota, o CRM diz que “tal medida já se mostrou ineficaz, condenada até mesmo pela própria Organização Mundial da Saúde (OMS) nas palavras do Dr. David Nabarro: ‘O lockdown não salva vidas e faz os pobres muito mais pobres'”.

Como o Estadão mostrou em outubro do ano passado, por meio do projeto Comprova, a frase do enviado da OMS foi retirada de contexto em publicações na internet para sugerir que a entidade condena o lockdown. Na ocasião, David Nabarro de fato destacou os impactos econômicos e sociais negativos dos lockdowns. Isso não significa, no entanto, que a OMS seja contrária à medida ou que a considere ineficaz.

Na mesma entrevista, Nabarro afirmou que os lockdowns são justificados em momentos de crise, para reorganizar os sistemas de saúde e proteger os profissionais que estão na linha de frente do combate à doença. A ideia desta prática é “achatar a curva” de contágio, evitar a superlotação de hospitais e, depois, permitir a reabertura das economias.

O Conselho do DF cita o Amazonas como exemplo negativo da medida. “Estado com maior índice de isolamento social do Brasil, apresentou o maior número de internações e mortes por Covid-19, cerca de 30-45 dias após o primeiro lockdown, sendo ainda mais imediato, após o segundo, configurando mais uma evidência do fracasso dessas medidas extremas de restrição”, diz o texto.

Especialistas em saúde têm defendido o lockdown como forma de conter o avanço do vírus, em fases mais descontroladas da pandemia. Para o CRM, ações preventivas eficazes estão relacionadas a campanhas de educação sobre medidas individuais de higiene, uso de máscaras, distanciamento social, vacinação populacional e ostensiva fiscalização por parte do governo, mas “nunca pela decretação de lockdown”.

 

 

 

 

Nordeste Notícia
Fonte: O Povo

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