UTI do Hospital Regional do Norte, em Sobral (CE) Imagem: Tatiana Fortes/Governo do Ceará

A Secretaria da Saúde do Ceará informou que o estado registra um aumento de hospitalizações e enfrenta novamente falta de vagas de leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) —isso já havia ocorrido na primeira onda da pandemia do novo coronavírus.

O anúncio foi feito hoje (19) pelo secretário Carlos Roberto Martins Rodrigues, que apelou para que a população respeite as medidas de isolamento social.

Em Fortaleza, a busca por UPAs bateu patamares inéditos nos últimos dias. Em maio do ano passado, quando a primeira onda atingiu o pico, a média de atendimentos diários de casos suspeitos de covid-19 era 408 por dia. Em fevereiro, esse número já chega a 727.

“Devemos chegar a pelo menos 20 mil atendimentos este mês, dos quais 13% precisam de internação. O momento epidemiológico é diferente. Existem muitas dúvidas sobre mutações, sobre o potencial de contágio, a gravidade”, diz.

Levando em conta o cálculo do secretário, em média 90 pessoas devem ser hospitalizadas em média por dia, o que pode levar a um colapso da rede de saúde em curto espaço de tempo.

A situação já é dramática na maioria dos hospitais da capital. O maior deles em termos de vagas, o Leonardo da Vinci, tem 127 leitos de UTI e estava hoje pela manhã com 126 ocupados. Outras unidades estão próximas de 100% de ocupação.

Por isso decidimos, ontem, pela ampliação de 60 leitos no nosso hospital de campanha e mais 40 em cada hospital regional, que existem várias cidades do interior. Nesse momento a pandemia expande em quase todas as regiões do Ceará. É preciso muita prudência.

Carlos Roberto Martins Rodrigues, secretário estadual da Saúde

 

Segundo o Ministério da Saúde, o Ceará soma mais de 408 mil casos de covid-19 desde o início da pandemia, e quase 11 mil mortes.

Ações e variantes

Ontem (18), o governador Camilo Santana (PT) se reuniu, de forma virtual, com cerca de 170 prefeitos para cobrar medidas no enfrentamento à pandemia e que fiscalizem e cumpram o novo decreto estadual, inclusive o toque de recolher entre 22h e 5h, que entrou em vigor hoje.

A principal suspeita é que uma das novas variantes esteja circulando no estado e causando aumento na transmissibilidade do vírus. Segundo a Coordenadoria de Vigilância Epidemiológica e Prevenção em Saúde do estado, o Ceará contabiliza 190 notificações de pacientes com suspeita da nova variante brasileira P.1, sendo 79 viajantes e 111 contactantes —a maioria deles com relação ao Amazonas. Todas essas amostras devem passar por sequenciamento genômico para saber a cepa do vírus.

“A explosão de internações em curto período de tempo fala normalmente sobre aumento do contágio e severidade. Alguns pesquisadores chamam isso de ‘surto de hospitalizações'”, diz o epidemiologista Antônio Lima Neto, que atua na Secretaria de Saúde de Fortaleza e é professor da Unifor (Universidade de Fortaleza).

“Esta característica seria, junto com o deslocamento dos internamentos para faixas etárias mais jovens, o aumento dos números de reinfecções, e da gravidade dos casos, sinais de alerta para potencial circulação de novas variantes.”

Por causa deste cenário, o estado pretende ampliar a vacinação para idosos a partir de 60 anos. Até o momento, 273 mil pessoas foram vacinadas no Ceará.

 

 

 

Nordeste Notícia
Fonte: UOL/Carlos Madeiro

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