Embora o cenário da pandemia no Ceará seja de ascensão na curva de casos, o titular da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa), Carlos Roberto Martins, o Doutor Cabeto, acredita que não é possível considerar um novo ‘lockdown’ no momento. Fortaleza realizou o isolamento rígido em maio, com medidas mais restritivas de tráfego e circulação de pessoas. Foi a terceira capital do país a adotar a medida, depois de Belém (PA) e São Luís (MA).
O Ceará registra 343.887 casos confirmados e 10.137 óbitos da Covid-19, de acordo com a plataforma IntegraSUS atualizada às 19h52 desta sexta-feira (8).
Em entrevista ao G1, o secretário ressaltou que o Ceará tem uma situação epidemiológica diferente de outros estados. “O Ceará tem uma realidade em que o número de testagens é maior proporcionalmente à população. Então, os nossos números mostram que é possível fazer medidas de forma pontual com mais eficiência. O fato de o estado semanalmente se reunir com a comissão técnica e tomar decisões em cima disso tem propiciado não estabelecer lockdown precoce”, declara Cabeto.
O Ceará tem tido registros de aglomerações e alta na curva de casos de Covid-19. — Foto: José Leomar/SVM
O secretário compara o cenário do Ceará com outros estados, como Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Espírito Santo. Segundo ele, a princípio, as três unidades da federação vivenciaram cenários menos graves da pandemia, com um número menor de pacientes infectados, e, possivelmente, uma taxa menor de pessoas imunizadas.
Ele acrescenta, ainda, que para sustentar um cenário em que o isolamento social rígido não volte a ser obrigatório, é crucial manter o uso de máscaras e evitar grandes aglomerações, principalmente em ambientes fechados. Tais medidas também contribuem, diz o secretário, para manter o funcionamento da economia e permitir a reabertura das escolas públicas.
“Estou falando principalmente para aqueles que têm menos de 40 anos, que podem infectar pessoas de maior risco e fazer um quadro epidemiológico diferente no Ceará”, alerta.
Ainda nesta semana, o neurocientista Miguel Nicolelis, coordenador do Comitê Científico de Combate ao Coronavírus do Consórcio Nordeste, declarou ao G1 que, na falta de uma vacina e outras terapias medicamentosas, o ‘lockdown’ é “a única medida possível para evitar o colapso do sistema de saúde”.
Para o titular da pasta estadual da Saúde, porém, é preciso considerar as particularidades do cenário no Estado. “O Ceará tem, sim, ascensão do número de casos restritos, principalmente em Fortaleza, na Regional II. Não é proporcional ao aumento da mortalidade, mas eu entendo que o Nicolelis trata de uma forma global. Acho que, em relação ao Ceará, isso é um pouco precoce”, reforça Cabeto.
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