Cleane Sampaio e Gabriel Nogueira são os dois cearenses que integram o time de cantores da nova temporada do The Voice Brasil, que estreou na última quarta-feira, 21. Com trajetórias distintas e vivenciando o programa em meio à pandemia, a dupla de nordestinos compartilha o mesmo sonho: a vontade “danada” de conquistar o público com a voz.
Os dois participantes chamaram a atenção do time de jurados, composto por Michel Teló, Carlinhos Brown, Iza e Lulu Santos, durante apresentação nas audições às cegas. Cantando e interpretando sucessos nacionais, os cantores se entregaram às performances e foram selecionados para a próxima fase da disputa.
Cleane Sampaio, 24, foi a primeira a subir ao palco, interpretando “Pedras que cantam”, escrita por Dominguinhos e Fausto Nilo, mas conhecida na voz do cearense Fagner. A escolha pela canção, segundo a cantora, foi para homenagear o povo nordestino. Coincidentemente, o técnico que a escolheu foi o baiano Carlinhos Brown.
Já Gabriel Nogueira, de 18 anos, optou por um caminho inverso e se aventurou na interpretação ao escolher o sucesso “Bang”, da cantora Anitta. O artista deu à canção um outro ritmo e fez com que todos os jurados virassem as cadeiras, mas escolheu o time de Lulu Santos.
Ambos decidiram se inscrever no programa buscando por uma maior visibilidade como artistas. No entanto, o trajeto e os sentimentos que os guiaram até a atração são distintos, o que promete apresentações marcantes e cheias de personalidade.
Inicio do sonho à realização
Cleane Sampaio lembra de cantar já desde muito nova, contudo, afirma que suas maiores experiências sempre foram no teatro musical. Recentemente, ela teve a oportunidade de integrar a banda The Dillas, onde ficou por cerca de um ano e experimentou vivenciar o canto.
Em 2019, a atriz e cantora se inscreveu no The Voice e foi selecionada para participar da edição daquele mesmo ano, mas as vagas se encerraram e ela ficou com a promessa de que seria chamada em 2020. Não muito tempo depois, a cearense recebeu um e-mail da Globo, confirmando o chamado que tanto esperava.
“Fiquei extremamente emocionada, feliz, ansiosa. Não tava acreditando, as coisas foram acontecendo, fui sempre colocando Deus na frente de tudo”, afirma a artista. Com a energia nordestina transbordando na sua voz e em cada parte de seu corpo, Cleane confessa que tinha como missão levar alegria ao público, mas que o nervosismo quase a impediu.
“A emoção de cantar pra artistas consagrados é que deixa a gente mais nervosa. Estar diante dessa galera e cantar pra eles é uma emoção muito grande. Fiquei muito feliz quando o Brown virou, quase que eu não consigo terminar a música”, relembra, aos risos.
O sentimento é compartilhado por Gabriel Nogueira, que alega não apenas ter se sentido nervoso na apresentação, como também intimidado. “No palco, eu confesso que fiquei meio intimidado. Não por estar cantando para artistas consagrados, mas por estar sendo julgado pela minha voz”, destaca o cantor.
Com a voz suave, ele abraçou o desafio de transformar dar um tom mais suave e envolvente ao hit de funk. Deu tão certo que todos os técnicos viraram a cadeira para conhecer e tentar conquistar o garoto de cabelos longos e jeito “intimista”, que já de cara deu os primeiros sinais do quanto gosta de se arriscar na música.
Nesse campo, aliás, ele está desde adolescente. As apresentações de shows de talento na escola deram lugar à carreira profissional ainda quando Gabriel tinha 15 anos e decidiu publicar vídeos cantando no YouTube, o que fez com que ele ficasse conhecido entre pessoas da região como “o menino que canta” .
O menino virou homem e passou a se apresentar em barzinhos e em eventos fechados. Quando se inscreveu para o The Voice Brasil e foi selecionado, no fim do ano passado, viveu a expectativa de realizar um sonho. No entanto, a pandemia do novo coronavírus quase mudou completamente os seus planos.
“Fiquei extremante feliz e surpreso. Recebi o e-mail agora na pandemia, momento em que a gente não fazia ideia que poderia acontecer gravações de The Voice. Até então, achávamos que o programa ia ser ou adiado ou cancelado”, desabafa.
Novo formato e próximas apresentações
Devido à crise sanitária, a edição deste ano conta com um formato diferente e exige protocolos de segurança bem mais “rigorosos”. Familiares dos candidatos, por exemplo, participam do momento de forma virtual e os técnicos não têm contato físico com os integrantes, recorrendo à tecnologia para analisar os ensaios.
“Quando precisamos gravar, viajamos até o Rio de Janeiro e ficamos hospedados num mesmo hotel, mas em quartos diferentes para manter o distanciamento social. Só saímos no dia de gravação, com máscaras, aventais de proteção, todos os procedimentos corretos para a não disseminação do vírus”, revela Gabriel.
Além disso, exames são realizados nos integrantes sempre quando saem do estado de origem para irem ao programa, assim como quando retornam para casa. Segundo Cleane, o protocolo sanitário aderido pela emissora só possibilita que o participante cante em caso de testes terem dado negativo para a Covid-19.
“A gente está levando alegria para as pessoas de casa, levando música, arte. Minha felicidade é essa, a rede Globo está seguindo com todas as normas de segurança, estamos vivendo uma edição extremamente diferente”, afirma.
A próxima apresentação dos cantores já foi gravada e será em uma fase de “duelos”. Sem poder revelar como será a etapa devido ao acordo de sigilo que mantêm com a emissora, os participantes indicam performances cheias de emoção e personalidade.
Enquanto Cleane promete representar o Ceará com a alegria característica da região, Gabriel aponta que seguirá buscando interpretações desafiadoras e dando o melhor de si. Do outro lado da tela, cearenses se reconhecem e torcem para que a dupla chegue à final da competição.