O crime foi encomendado pelo ex-namorado de Gabriela, um rapaz conhecido como “Pirulito”, que ordenou que o sequestrador matasse a jovem, segundo o delegado Marcos Sandro Lira, da Delegacia Regional de Iguatu, que investiga o caso. O casal havia rompido em maio deste ano. “Ele não queria terminar, mas eu não quis mais. Ele não me agrediu, não tentou ameaçar, nadica de nada”, disse Gabriela. O ex-namorado foi preso.
Uma das jovens estava com arranhões na perna e na região do tornozelo — Foto: Arquivo pessoal
Sequestrador lembrou de irmã
A estudante, sua irmã de 14 anos e a prima de 16 anos foram ameaçadas pelo sequestrador quando voltavam de uma caminhada para casa. O homem obrigou as garotas a entrarem na mata, ameaçando atirar caso elas tentassem fugir. A investigação mostrou que além do plano de matar Gabriela havia intenção dos criminosos de pedir resgate em dinheiro pelas outras duas meninas.
“Ele disse ‘nós vamos entrar aqui e sair ali’”. Saímos numa pista, aí disse: ‘senhor, pelo amor de Deus, deixa a gente ir embora’. E ele: ‘não, não, entra nessa roça aí’. Estramos numas [áreas de] bananeiras lá e andamos, andamos, passamos por um rio, atravessamos esse rio, eu não sei nadar, quase morri afogada, mas foi Deus que guiou nós. Aí saímos, pegamos uma estrada. Ele disse que a gente entraria na mata pra descansar e no amanhecer do dia a gente iria embora”, relatou a vítima.
Os quatro passaram a noite na mata fechada e pela manhã o sequestrador desistiu do crime, liberando as meninas. Gabriela também conta que o criminoso chegou a confirmar o apelido do ex-namorado dela como mandante do crime.
“Ele tava perdido e dizia: ‘mas esses cabra vão pagar porque o que eles fizeram, eles mandaram, eu não tô aguentando’. Ele tava na cabeça que não sabia o nome do cabra, mas que se pegasse ia fazer alguma coisa. Eu falei: ‘você sabe o nome dele? É Pirulito?’ E ele: ‘é esse mesmo’”, narrou Gabriela.
De acordo com o delegado Marcos Sandro, o suspeito contou em depoimento ter desistido do crime porque uma das vítimas se parecia com uma irmã dele.
Horas de caminhada em mata
Segundo Gabriela, elas passaram a noite e o dia sem beber água ou comer, e andaram por horas dentro da mata.
“Eu não aguentava mais andar. A gente rezava uma Ave-Maria, um Pai Nosso, eu orava 24 horas, pedindo e chorando porque eu não tava mais com força de andar na mata”, acrescentou a estudante.
Ao serem liberadas, as meninas conseguiram encontrar uma casa onde pediram ajuda. No local, os moradores chamaram a polícia, que resgatou as jovens e as levaram para fazer exames em uma UPA, receberem medicamento e conversarem com uma psicóloga.
“Passamos pela psicóloga, mas graças a Deus eu não sinto nada, só com as pernas assim, mas dá pra andar. E elas [irmã e prima] também não estão sentindo nada, só psicológico. Se Deus quiser, nós vamos esquecer isso”, ponderou a vítima.