A pesquisadora do Observatório, Eduarda Mendonça, revela que, apesar do início da retomada, o otimismo observado no mês passado ainda é cauteloso. No caso do índice de expectativas relacionadas à produção, que voltou a ficar acima da linha dos 50 pontos – que marca a passagem do pessimismo para o otimismo – após seis meses, o resultado ainda foi tímido, de 51,4 pontos. Em abril, o indicador chegou aos 13,8 pontos.
“O empresário está otimista, mas ainda muito cauteloso. Não significa, no entanto, que não iremos engatar um ritmo mais forte. Junho foi apenas o início do retorno das atividades não essenciais, que agora já está bem mais avançado”, afirma Mendonça.
A utilização da capacidade instalada também engata a segunda melhora consecutiva, mas permanece no âmbito do pessimismo. Em junho, o indicador chegou aos 30,7 pontos, cerca de dez a mais que no mês anterior. Conforme o levantamento, esta variável está diretamente ligada aos decretos estaduais que regulam o plano de retomada no Estado, de forma que ele deverá continuar avançando conforme o trabalho presencial foi gradualmente sendo liberado.
No sentido contrário, o indicador de expectativas relacionadas ao estoque continuou caindo em junho, para 40 pontos, tendo em vista o período que o setor ficou parado enquanto a demanda continuou, embora reduzida, com ajuda dos programas de transferência de renda.
Empregos
Já as expectativas de evolução do número de empregos atingiram o maior patamar desde o início da pandemia no Estado, apesar de permanecer no âmbito do pessimismo, com 41,9 pontos. Mesmo abaixo da linha divisória, o resultado pode ser considerado estável, ficando próximo aos números registrados no último ano.
Em junho de 2019, por exemplo, o índice ficou em 46,7 pontos. Para os próximos seis meses, a perspectiva ainda é pessimista (47,8 pontos). Ainda assim, melhor que o observado nos três meses anteriores.
A pesquisadora do Observatório aponta que a expectativa é de uma retomada geral do setor no segundo semestre, com maior força a partir de outubro. Mesmo com esse prognóstico, ela ressalta que a geração de novos empregos deverá demorar um pouco mais para acontecer de maneira expressiva.
“Isso acontece principalmente pela dificuldade de acesso ao crédito. Realizamos uma pesquisa em maio e 60% das indústrias que haviam solicitado tiveram o crédito negado. Outras nem chegaram a tentar por acharem que as condições eram inacessíveis”.
Ela ainda ressalta que a retomada do setor no Ceará acontece de forma mais lenta e enfrenta algumas dificuldades a mais em relação a outros estados por ter enfrentado uma paralisação por mais tempo e mais rigorosa.
Nordeste Notícia
Fonte: Diário do Nordeste