Menos de duas semanas depois de as autoridades deflagarem a Operação Rábula, com intuito de combater uma organização criminosa acusada de burlar o judiciário cearense para favorecer membros de facções criminosas, a maior parte dos presos já estão em liberdade. Dos 12 detidos durante a força-tarefa, apenas dois permanecem em cárcere.
A Operação cumpriu, no dia 2 de agosto, 15 mandados de prisão, sendo 8 deles contra advogados. Três funcionários do Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE) e um policial militar também são suspeitos de participar do grupo criminoso. Segundo o Ministério Público do Ceará, a quadrilha viabilizava a distribuição de processos para juízes previamente escolhidos; garantia a transferência de presos para unidades prisionais específicas; antecipava audiências de custódia; elaborava cartas de oferta de emprego e certidões negativas falsas; e influenciava em decisões judiciais.
Dez alvos da operação foram soltos após decisões da Justiça, dentre eles, advogados suspeitos de participar do esquema. Estão soltos os advogados Fabíola Joca Nolêto, Socorro Maia Landim, Erlon Sílvio Moura de Oliveira, Ilonius Máximo Ferreira Saraiva, Hélio Bernardino e Samya Brilhante Lima. Esta última é suspeita de usar vagas fictícias de emprego em creche para tentar libertar clientes.
Também estão em liberdade Juliane da Costa Negreiros da Silva, Antônio Elton de Oliveira Lima, Francisco Santorélio da Costa Pontes e Luciano Firmino Bernardo Junior.
Dos 15 mandados de prisão expedidos, dois foram contra pessoas que já estavam presas e um não chegou a ser cumprido porque a acusada permanece foragida.
Continuam no cárcere Cil Farney Soares dos Santos, Phablo Henrik Pinheiro do Carmo, Rafael Luiz Cruz da Silva e Rogério Said. A única suspeita que se encontra foragida é a advogada Suellen Brilhante Lima. Segundo o TJCE, não há notícias nos autos acerca do cumprimento do mandado de prisão expedido contra ela.
A investigação apontou que Cil Farney foi precursor do esquema criminoso. Na posição de auxiliar de advogado, Farney assumiu um papel de liderança na organização criminosa com a responsabilidade de cooptar novos clientes, repassar para os advogados e negociar o pagamento. Os autos mostram que o auxiliar se autoproclamava como “Doutor Resolve”.
Os investigados são acusados de organização criminosa, corrupção ativa e passiva, concussão, tráfico de influência, exploração de prestígio e estelionato, conforme a participação individual. Por o processo tramitar em segredo de Justiça, o Tribunal informou que não poderia repassar mais informações sobre o andamento do caso.
Nordeste Notícia
Fonte: G1