A semana de abertura do governo Jair Bolsonaro chega ao fim com uma forte sinalização de mudança na forma de condução do Palácio do Planalto. O novo presidente e seus ministros deram declarações fortes e sinalizações claras de que querem dar uma guinada na gestão pública.
Nos primeiros dias, ficou nítido também o discurso eleitoral ainda presente nas falas de membros do Governo, inclusive do presidente, desentendimento com a equipe econômica, declarações desencontradas e algumas polêmicas.
Na manhã de segunda-feira, durante a posse dos novos presidentes de Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil e Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), coube ao chefe do Gabinete de Segurança Institucional, general Augusto Heleno, afirmar à imprensa que vai bem a relação entre o presidente e sua equipe econômica, liderada pelo ministro da Economia, Paulo Guedes. “Não teve rusga nenhuma. Hoje se encontraram aí, ‘best friends’, não tem essa história”, disse.
Ao longo da semana, Bolsonaro deu declarações que foram de encontro ao que defende a equipe econômica. Na quinta-feira (3), em uma entrevista ao SBT, o presidente defendeu que a Reforma da Previdência estabeleça idades mínimas de 62 anos para homens e 57 anos para mulheres – mais branda do que a própria proposta apresentada pelo governo do ex-presidente Michel Temer (MDB).
Ele também chegou a defender que o texto que já tramita no Congresso seja alterado para englobar as demandas – há dúvidas se tamanha alteração é possível em uma matéria que já passou por duas comissões.
O presidente também declarou que iria aumentar as alíquotas do IOF. Logo em sequência, o secretário da Receita Federal, Marcos Cintra, disse que Bolsonaro havia equivocado-se.
Ibama
Se, por um lado, houve panos quentes, por outro, não. Durante o fim de semana, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles (Novo), questionou, em rede social, um contrato de transporte do Ibama de cerca de R$28 milhões. A informação, compartilhada pelo presidente, levou ao pedido de exoneração da presidente do órgão, Suely Araújo. O sucessor dela já estava escolhido: Eduardo Fortunato Bim.
Ministros
As declarações de Bolsonaro somam-se às de seus ministros. Desde a posse, muitos deram declarações que apontavam para gestões diametralmente opostas às tradições de suas pastas. É o caso do chanceler Ernesto Araújo, que fez de seu discurso de posse no Itamaraty um libelo contra o multilateralismo e a ordem global.
“Mergulhemos no oceano de sentimento e na esperança do nosso povo. Não mergulhemos nessa piscina sem água que é a ordem global. O Itamaraty existe para o Brasil, não existe para a ordem global”, declarou o novo chefe da diplomacia. E, na mesma semana, foi a Lima, no Peru, tratar de um tema sensível: a crise na Venezuela.
No dia da posse dos ministros, entretanto, ninguém gerou mais comentários do que a titular da recém-criada Pasta da Família, Damares Alves.
Em uma fala feita pouco após assumir o cargo, ela anunciou uma “nova era no País”, na qual meninos vestiriam azul e meninas vestiriam rosa. Mais tarde, ela afirmou tratar-se apenas de uma metáfora contra a chamada “ideologia de gênero”, e que todos poderiam usar qualquer cor.
Já Onyx Lorenzoni (DEM), ministro-chefe da Casa Civil, gerou polêmica ao exonerar mais de 300 servidores do Ministério. De acordo com ele, era um processo de “despetização” da Casa-Civil “É importante para retirar da administração todos os que têm marca ideológica clara”, declarou.
Nordeste Notícia
Fonte: Diário do Nordeste