A vantagem é tanta que, somados, PSDB e PT vão ocupar perto de dezesseis dos 25 minutos diários destinados aos candidatos à Presidência às terças, quintas e sábados, o que representa mais de 63% do total. A maior parte desse índice vem do partido tucano, que, nas três vezes por semana em que o programa for ao ar, terá cinco minutos e 33 segundos para expor suas ideias. Mesmo que somados os tempos de TV de todos os candidatos, com exceção do candidato petista, ainda faltarão dois minutos para que se atinja o índice do tucano — que, ainda, poderia ser até maior, se não fosse uma limitação imposta pela Justiça Eleitoral.
As regras determinam que, se um candidato à Presidência ou ao governo de um estado tem mais do que seis partidos em sua chapa, ele só pode aproveitar as cotas das maiores legendas, sendo obrigado a abrir mão das demais para serem redistribuídas. A somatória de Alckmin é fruto do tempo igual dado a todos os candidatos mais as proporções representadas pelo PSDB, pelo PP, da candidata a vice Ana Amélia, e por PSD, PR, PTB e DEM. Já o restante, PRB, SD e PPS se somam a PSB, PMN e PMB, que se declararam neutros na disputa.
O PT chegou à segunda colocação do ranking com os acertos do fim de semana – as alianças com PCO, Pros e PCdoB. O candidato do partido vai superar o tempo do ex-ministro Henrique Meirelles, que se beneficia do gigantismo do MDB e ganhou mais alguns segundos ao fechar com o PHS, ficando como o terceiro com maior exibição na televisão.
Depois do trio dos maiores partidos, o segundo bloco de candidatos, na faixa dos quarenta segundos, é formado por Alvaro Dias (Podemos) e Ciro Gomes (PDT). Marina Silva (Rede), com 22 segundos, e Guilherme Boulos (PSOL), com 14, devem conseguir construir uma frase, mas talvez não duas.
O rei dos nanicos
Abaixo de Boulos, seis – ou seja, quase metade dos treze candidatos – não chegam a ter dez segundos no horário eleitoral e pouco devem conseguir além de divulgar suas redes sociais e tentar atrair os eleitores para ouvi-los em outros canais. É o caso do líder das pesquisas, o deputado federal Jair Bolsonaro (PSL), que, mesmo tendo se coligado com o PRTB, não conseguiu obter mais do que nove segundos.
O desafio do candidato do PSL é mostrar que o tempo de televisão não tem mais o mesmo peso de eleições anteriores e que as redes sociais, que basicamente o trouxeram até a casa dos 20% das intenções de voto que ostenta hoje, são capazes de fazê-lo ir até o segundo turno e ganhar a eleição.
Sem a mesma audiência nos meios digitais e intenções de voto que Bolsonaro carrega, outros cinco candidatos também não chegam a dois dígitos de tempo no horário eleitoral televisivo. De partidos com candidatos ao Congresso eleitos em 2014, Cabo Daciolo (Patriota) e José Maria Eymael (DC) têm os mesmos nove segundos de Bolsonaro, enquanto João Amoêdo (Novo), João Goulart Filho (PPL) e Vera Lúcia Dias (PSTU) ficarão com apenas seis segundos.
Programação do horário eleitoral
A propaganda política na televisão vai ocorrer de 31 de agosto a 4 de outubro, em um total de 35 dias. O horário eleitoral gratuito, como um programa contínuo, será veiculado em dois horários, 13h e 20h30, de segunda a sábado, com 25 minutos de duração em cada entrada.
As segundas, quartas e sextas, vão ao ar as propagandas dos candidatos a senador (cinco minutos), deputado estadual (dez minutos) e governador (dez minutos). Já as terças, quintas e sábados serão destinadas aos postulantes à Presidência da República e à Câmara dos Deputados, com doze minutos e trinta segundos para cada cargo.
Para este ano, o horário eleitoral tradicional foi reduzido (eram cinquenta minutos em 2014), mas mais que dobraram as inserções, pequenos programas de trinta segundos ou um minuto que são apresentados ao longo do dia. Na última eleição, esse tempo era de trinta minutos. Neste ano, serão setenta minutos.
A parcela de cada candidato
O horário eleitoral para os candidatos a presidente da República consistirá em um espaço de doze minutos e trinta segundos, veiculado em três dias por semana, duas vezes em cada um desses dias. Do total, 10% será dividido igualmente entre todos os candidatos, enquanto para os outros 90% é levado em conta o número de deputados federais de cada partido. O mesmo critério vale para as eleições.
Como as bancadas oscilam ao longo dos quatro anos de um mandato, com entradas e saídas dos partidos, toma-se como referência o número de parlamentares eleitos no último pleito, sendo que os deputados que mudam de legenda não carregam consigo a “cota” para a nova agremiação. As únicas exceções a essa regra são aqueles que decidem sair de uma legenda para criar outra, quando essa transferência acontece – hoje, é o caso dos deputados Miro Teixeira (RJ) e João Derly (RS), que foram eleitos, respectivamente, por Pros e PCdoB mas saíram para criar a Rede Sustentabilidade, em 2015.