05 de Julho de 2018 – Vaquejada de Juazeiro do Norte 2018 – Parque de Eventos Padre Cícero
– REGIONAL – 06re0901 – ANTONIO RODRIGUES

Juazeiro do Norte. Com mais de 1.500 inscrições e 300 mil reais em prêmios, foi iniciada, ontem, a 42ª Vaquejada de Juazeiro do Norte, no Parque de Eventos Padre Cícero. Como uma das maiores e mais tradicionais pegas de boi do Nordeste, o evento reúne os principais vaqueiros do Brasil até o próximo domingo, com corridas nos três turnos. Neste ano, a competição está dividida nas categorias: profissional, aspirante, amador e feminino. À noite, muito forró anima o público que contou, na sua abertura, com show do cantor Mano Walter. A programação segue nos próximos três dias, com entrada gratuita.

Segundo Chico Matias, um dos organizadores, a Vaquejada de Juazeiro do Norte está no calendário das grandes competições deste esporte no Brasil. Por isso, cerca de 500 caminhões de vários estados estão estacionados ao lado do Parque. “A nossa preocupação é acolher as equipes, pois, aqui estão os melhores vaqueiros do Brasil”, ressalta. Inclusive, a competição na Terra do Padre Cícero é a primeira de oito etapas do Campeonato Portal Vaquejada 2018. “A logística de uma vaquejada dessa é muito grande. Envolve muitos profissionais, uma boiada diferenciada, que tem que ter todos os aparatos”, completa.

A estrutura da competição foi elogiada pelo vaqueiro Sandro Serra, que veio de Serrinha (BA) e disputa, pela primeira vez, na Vaquejada de Juazeiro do Norte. “A competição é muito boa, a estrutura, excelente. Todo ano vem alguém de lá e sempre quem vem a primeira vez continua retornando”, conta.

Retomada

Outro competidor, Alberto Gomes Filho, que é nativo e conhece bem a competição, acredita que a organização tem buscado retomar a tradição da vaquejada que estava esquecida e tornará o circuito local um dos melhores do País novamente. “A organização está sem defeito, a pista iluminada, bem forrada, o gado excepcional”, ressalta.

Já o vaqueiro Pedro Henrique de Castro destaca outra mudança: “O estacionamento dos caminhões foi para uma área maior. Tem como o cavalo galopar, esquentar, andar. Os veículos ficaram longe dos outros”.

Custo alto

Uma competição como esta mobiliza uma grande equipe por trás de quem monta o cavalo e derruba o boi na pista. O vaqueiro Pedro Henrique de Castro, por exemplo, trabalha domando os cavalos e iniciando-os nas pistas antes de entregar ao vaqueiro profissional. “O cavalo é um atleta. Numa vaquejada grande como esta, um mês antes se começa a trabalhar mais forçado porque a boiada vem de fora e ele precisa ter capacidade de correr com uma boiada diferenciada”, explica. Os cavalos recebem atenção especial tanto no trabalho físico quanto na alimentação de qualidade. O gasto é alto.

Além disso, tem as senhas, que são as inscrições para a competição. Na categoria profissional, por exemplo, a primeira senha custa R$ 1.600, que premia com R$ 30 mil e um automóvel. Ainda há gasto com combustível do caminhão e com a feira para alimentar vaqueiro, bate esteira e tratador.

Nestes três primeiros dias, os competidores têm que derrubar o boi quatro vezes para “bater a senha” e, no domingo, disputar o título. Por ser uma fase preliminar, o público ainda é tímido, mas, mesmo assim, a dona de casa Lígia Guimarães foi com o marido e filhos acompanhar a pega de boi. Acostumada a assistir vaquejada desde criança, já que seu pai a levava, ela resolveu repetir a tradição. “Hoje, está melhor, mais organizado, mais bonito, são mais dias. Venho só acompanhar”, explica.

Shows musicais

Além do cantor Mano Walter, que se apresentou ontem, a Vaquejada de Juazeiro do Norte terá como destaque o show do cantor Tony Guerra e Forró Sacode, nesta sexta-feira. Amanhã, a atração principal é banda Caninana do Forró. Já no domingo, último dia da festa, o Parque de Eventos será animado pelo cantor Toca do Vale. Há um setor “arena” com entrada gratuita. Agentes de trânsito e guardas civis auxiliarão no tráfego e na segurança. “A nossa expectativa é boa. As atrações são voltadas para o público da vaquejada. A gente quer que seja casa cheia, todo mundo se divirta com segurança”, afirma o organizador da festa, Carlos André Cunha.

Comércio

Cavalos, público e caminhões dividem espaço com dezenas de barraquinhas de comida dentro e fora do Parque de Eventos Padre Cícero. A vaquejada sempre aquece o comércio informal e atrai vendedores de vários lugares do Nordeste. É o caso de Jorge Tadeu de Medeiros, 23, de Caicó (RN), mas que peregrina pelo País nos eventos de forró e vaquejada vendendo doces. “Venho rodando. Já fiz Vaquejada de Petrolina, São João de Petrolina, Vaquejada de Missão Velha. Daqui, vou para Icó. Depois, a vaquejada de Serrita”, descreve.

O jovem já rodou 15 estados e “se Deus quiser, vou conhecer o resto”, pontua. No comércio informal há cinco anos, hoje, tem até máquina de cartão de crédito para não perder o cliente. “Às vezes dá certo viajar para longe, às vezes não. Muitas vezes, só apura o de ir embora, mas a gente gosta dessa vida”, pondera.

Cavalgada

Nesta sexta-feira, será realizada tradicional cavalgada com os participantes e admiradores da vaquejada. O trajeto começa às 8h, saindo do largo da Basílica de Nossa Senhora das Dores, onde haverá a bênção do vaqueiro. Em seguida, percorre as principais ruas e avenidas de Juazeiro do Norte até o Parque de Eventos Padre Cícero.

Enquete

Como considera esse esporte?

“A vaquejada é nossa tradição, é a nossa cultura. Um esporte da nossa região, que a gente luta tanto para conquistar, e, a cada dia, se torna melhor. Competir não tem explicação. É a minha vida”

Alberto Gomes Filho
Vaqueiro

“Desde os 13 anos eu monto. Meu pai sempre foi vaqueiro. Então, representa tudo. É o que gera emprego. Criamos aquele vínculo. Vicia a pessoa, sentar no cavalo o tempo todo. A gente gosta da competição”

Sandro Serra
Vaqueiro

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