Juazeiro do Norte. Com mais de 1.500 inscrições e 300 mil reais em prêmios, foi iniciada, ontem, a 42ª Vaquejada de Juazeiro do Norte, no Parque de Eventos Padre Cícero. Como uma das maiores e mais tradicionais pegas de boi do Nordeste, o evento reúne os principais vaqueiros do Brasil até o próximo domingo, com corridas nos três turnos. Neste ano, a competição está dividida nas categorias: profissional, aspirante, amador e feminino. À noite, muito forró anima o público que contou, na sua abertura, com show do cantor Mano Walter. A programação segue nos próximos três dias, com entrada gratuita.
A estrutura da competição foi elogiada pelo vaqueiro Sandro Serra, que veio de Serrinha (BA) e disputa, pela primeira vez, na Vaquejada de Juazeiro do Norte. “A competição é muito boa, a estrutura, excelente. Todo ano vem alguém de lá e sempre quem vem a primeira vez continua retornando”, conta.
Retomada
Outro competidor, Alberto Gomes Filho, que é nativo e conhece bem a competição, acredita que a organização tem buscado retomar a tradição da vaquejada que estava esquecida e tornará o circuito local um dos melhores do País novamente. “A organização está sem defeito, a pista iluminada, bem forrada, o gado excepcional”, ressalta.
Já o vaqueiro Pedro Henrique de Castro destaca outra mudança: “O estacionamento dos caminhões foi para uma área maior. Tem como o cavalo galopar, esquentar, andar. Os veículos ficaram longe dos outros”.
Custo alto
Uma competição como esta mobiliza uma grande equipe por trás de quem monta o cavalo e derruba o boi na pista. O vaqueiro Pedro Henrique de Castro, por exemplo, trabalha domando os cavalos e iniciando-os nas pistas antes de entregar ao vaqueiro profissional. “O cavalo é um atleta. Numa vaquejada grande como esta, um mês antes se começa a trabalhar mais forçado porque a boiada vem de fora e ele precisa ter capacidade de correr com uma boiada diferenciada”, explica. Os cavalos recebem atenção especial tanto no trabalho físico quanto na alimentação de qualidade. O gasto é alto.
Além disso, tem as senhas, que são as inscrições para a competição. Na categoria profissional, por exemplo, a primeira senha custa R$ 1.600, que premia com R$ 30 mil e um automóvel. Ainda há gasto com combustível do caminhão e com a feira para alimentar vaqueiro, bate esteira e tratador.
Nestes três primeiros dias, os competidores têm que derrubar o boi quatro vezes para “bater a senha” e, no domingo, disputar o título. Por ser uma fase preliminar, o público ainda é tímido, mas, mesmo assim, a dona de casa Lígia Guimarães foi com o marido e filhos acompanhar a pega de boi. Acostumada a assistir vaquejada desde criança, já que seu pai a levava, ela resolveu repetir a tradição. “Hoje, está melhor, mais organizado, mais bonito, são mais dias. Venho só acompanhar”, explica.
Shows musicais
Além do cantor Mano Walter, que se apresentou ontem, a Vaquejada de Juazeiro do Norte terá como destaque o show do cantor Tony Guerra e Forró Sacode, nesta sexta-feira. Amanhã, a atração principal é banda Caninana do Forró. Já no domingo, último dia da festa, o Parque de Eventos será animado pelo cantor Toca do Vale. Há um setor “arena” com entrada gratuita. Agentes de trânsito e guardas civis auxiliarão no tráfego e na segurança. “A nossa expectativa é boa. As atrações são voltadas para o público da vaquejada. A gente quer que seja casa cheia, todo mundo se divirta com segurança”, afirma o organizador da festa, Carlos André Cunha.
Comércio
Cavalos, público e caminhões dividem espaço com dezenas de barraquinhas de comida dentro e fora do Parque de Eventos Padre Cícero. A vaquejada sempre aquece o comércio informal e atrai vendedores de vários lugares do Nordeste. É o caso de Jorge Tadeu de Medeiros, 23, de Caicó (RN), mas que peregrina pelo País nos eventos de forró e vaquejada vendendo doces. “Venho rodando. Já fiz Vaquejada de Petrolina, São João de Petrolina, Vaquejada de Missão Velha. Daqui, vou para Icó. Depois, a vaquejada de Serrita”, descreve.
O jovem já rodou 15 estados e “se Deus quiser, vou conhecer o resto”, pontua. No comércio informal há cinco anos, hoje, tem até máquina de cartão de crédito para não perder o cliente. “Às vezes dá certo viajar para longe, às vezes não. Muitas vezes, só apura o de ir embora, mas a gente gosta dessa vida”, pondera.
Cavalgada
Nesta sexta-feira, será realizada tradicional cavalgada com os participantes e admiradores da vaquejada. O trajeto começa às 8h, saindo do largo da Basílica de Nossa Senhora das Dores, onde haverá a bênção do vaqueiro. Em seguida, percorre as principais ruas e avenidas de Juazeiro do Norte até o Parque de Eventos Padre Cícero.
Enquete
Como considera esse esporte?
“A vaquejada é nossa tradição, é a nossa cultura. Um esporte da nossa região, que a gente luta tanto para conquistar, e, a cada dia, se torna melhor. Competir não tem explicação. É a minha vida”
Alberto Gomes Filho
Vaqueiro
“Desde os 13 anos eu monto. Meu pai sempre foi vaqueiro. Então, representa tudo. É o que gera emprego. Criamos aquele vínculo. Vicia a pessoa, sentar no cavalo o tempo todo. A gente gosta da competição”
Sandro Serra
Vaqueiro