Segundo apurou a coluna, os investigados estão fechando um acordo com a Receita Federal para pagar o prejuízo de pelo menos R$ 500 milhões de tributos não recolhidos entre 2012 e 2014. Com o valor latente quitado, os sócios de empresas ligadas à A3 (empresários e cantores) serão consequentemente perdoados, e não responderão criminalmente, como prevê a legislação tributária.
“Se o sonegador pagar a qualquer tempo, se extingue a punibilidade. Se parcelar o débito antes da denúncia, a punibilidade também é extinta”, explica o advogado Pedro Jorge Medeiros, ouvido pela coluna.
Em relação às outras acusações, Pedro Jorge acredita que a Receita Federal não levará o caso adiante. “O interesse é receber o dinheiro, e não criminalizar”, afirma o advogado.
Instaurado em 13 de agosto de 2015, o inquérito ainda não foi concluído e está entre a Polícia Federal (PF) e o Ministério Público Federal (MPF). Foram investigados no caso os empresários Antônio Isaías Paiva Duarte (Isaías CDs), Zequinha Aristides Pereira e seu filho Carlos Aristides Almeida Pereira (Carlinhos Aristides) e os cantores José Alexandre da Silva Filho (Xand Avião), Solange de Almeida Pereira (Solange Almeida), José Raimundo de Lima (Zé Cantor) e Samyra Oliveira Silva (Samyra Show), além das bandas Aviões do Forró, Solteirões do Forró, Forró do Muído e Forró dos Plays.
Esquema
De acordo com a Polícia Federal (PF), o grupo manipulava o valor declarado nos cachês dos artistas, informando à Receita Federal apenas 20% (em média R$ 30 mil) do valor. Os outros 80% (cerca de R$ 120 mil) eram pagos em dinheiro instantes antes do show. A delegada da PF Doralucia Oliveira Souza disse à época que “o dinheiro arrecadado circulava de maneira irregular pelas 26 empresas do grupo, incluindo emissoras de rádio, produtoras de eventos e um restaurante”.
Investigação
Na investigação, a Polícia Federal encontrou divergências sobre valores pagos a título de distribuição de lucros e dividendos, movimentações bancárias incompatíveis com os rendimentos declarados, pagamentos elevados em espécie, diversas variações patrimoniais a descoberto, além de o grupo adquirir veículos e imóveis, sem declarar Imposto de Renda.
Esperando resposta
Cabe ao Ministério Público Federal e à Policia Federal apontar se houve crime além da sonegação fiscal? Afinal, os investigados, de acordo com o inquérito teriam, em alguns casos, se associados para burlar o fisco. Com a palavra o MPF e PF.
Fonte: O Povo/Matheus Dantas/Demitri Túlio