Com a perspectiva iminente de que a Câmara Municipal de Fortaleza vote o projeto de lei para regular a taxação de serviços de transporte por aplicativo, a Uber divulgou um relatório exclusivo para o Diário do Nordeste no qual afirma que a medida tiraria a renda de mais de 10 mil motoristas cadastrados e ocasionaria em um aumento de 80% no valor das corridas na Capital. O líder do governo na Câmara, Ésio Feitosa, no entanto, criticou os dados do estudo e questionou não ter recebido a informação durante os dois anos de negociação do projeto de lei.
Além da restrição de idade dos veículos para cadastro no sistema, o projeto ainda prevê uma taxação entre 1% e 2% no valor de cada corrida feita por aplicativos. O valor seria arrecadado pela administração municipal. Mas a grande preocupação da Uber ao emitir o relatório é a possível diminuição da frota de carros e a proporção entre oferta e demanda para o serviço na Capital, que pode acabar registrando um crescimento considerável nos parâmetros de atividade, como tempo de espera e preços cobrados.
“O número reduzido de carros atendendo à atual demanda de Fortaleza impulsionaria o número de viagens com preço dinâmico em mais de 1100%, resultando em um aumento médio de 80% no valor das viagens e 106% no tempo de espera por um carro”, disse a empresa, por meio de nota.
Apesar de fazer o cálculo dos impactos para a cidade de Fortaleza, a Uber afirmou que não possui dados detalhados por cidade, mas que existem cerca de 18 mil motoristas cadastrados no Ceará.
Surpresa
Líder do governo na Câmara respondeu pela Prefeitura e afirmou estar surpreso com os dados levantados pela Uber, pois, segundo ele, as informações nunca foram repassadas durante as negociações e reuniões com as empresas de transporte por aplicativo. De acordo com Feitosa, os dados apresentados seriam “ilógicos” e que seria impossível prever a quantidade de carros com mais de cinco anos de idade até maio de 2020, data de previsão para a nova lei ter validade.
“Esse debate está acontecendo há dois anos e não chegou nenhuma informação da empresa para explicar esses dados até agora, nem para o governo e nem para a Câmara Municipal. Eu acho que é um estudo enviesado e me parece ilógico”, ponderou Feitosa.
Negociações
O vereador do PPL ainda afirmou que, além das empresas desse tipo de serviço, como Uber e 99Pop, ele recebeu os pleitos e conversou com entidades representativas de classe para negociar as condições do projeto. De acordo com Feitosa, a Associação dos Motoristas Privados Individuais de Passageiros (Ampip-CE), foi um das organizações que acatou a condição dos cinco anos para cadastro de carros.
Contudo, procurada pela reportagem, a Ampip não atendeu as ligações até o fechamento desta edição. A Uber, por outro lado, disse esperar “esses pontos sejam modificados durante tramitação do Projeto de Lei”. A empresa afirmou que tem dialogado com os vereadores da Capital e se colocou “à disposição do Poder Público para discutir melhores alternativas”.
Nordeste Notícia
Fonte: Diário do Nordeste