A reportagem apurou que os três envolvidos na sequência de ataques dessa sexta-feira (9) são da facção criminosa Guardiões do Estado (GDE) e têm extensa ficha criminal. Até a noite de ontem, apenas Douglas Matias da Silva havia sido localizado e preso. Elisson Souza e Mateus Fernandes permanecem foragidos.
Três dias antes da chacina, foi protocolado que um oficial de Justiça procurou por Francisco Elisson Souza por três vezes no endereço onde ele morava, mas não o encontrou em nenhuma das visitas .
Douglas Matias também se desvencilhava da prisão e seguia em liberdade. A ficha criminal do único localizado mostra que anteriormente ele havia sido denunciado por homicídio qualificado pelo Ministério Público do Ceará (MPCE), por um crime cometido também na Praça da Gentilândia, local onde foram executadas três das sete vítimas do massacre.
Das três fichas criminais, a de Stefferson Mateus Rodrigues Fernandes era a menor. De acordo com o sistema do Poder Judiciário, ele, responde por assalto e receptação de um carro roubado. Ao ser preso, Mateus Fernandes afirmou não saber que o veículo era produto de um roubo.
Investigação
Um dos homicídios atribuídos a Douglas Matias, foi o que vitimou Guilherme Renan Alves Figueiredo Delane, 19. O rapaz estava se divertindo, quando também foi morto por Douglas da Silva, de acordo com as investigações da Divisão de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP). O crime aconteceu a 0h45 do dia 5 de agosto do ano passado (um sábado) e, por todas as semelhanças com a chacina, era um prenúncio do pior.
O alvo do criminoso era o irmão da vítima, mas a arma de fogo falhou inicialmente e ele fugiu. Guilherme Renan não teve a mesma reação e ficou paralisado, de acordo com a denúncia. Ele acabou alvejado por vários tiros e não resistiu. Douglas fugiu, mas foi identificado por testemunhas do crime.
O Ministério Público denunciou Douglas por homicídio qualificado (por motivo torpe), pois a vítima foi alvejada “pelo simples fato de ser irmão de seu inimigo T. (identidade preservada) ou por estar na sua companhia”. “Assim, não há dúvidas de que a prisão do acusado é necessária para proteger a ordem pública, interromper as atividades criminosas por ele praticadas e assegurar a proteção de vítima e testemunhas, assegurando a lisura da instrução processual e da aplicação da lei penal”, requereu Ythalo Frota Loureiro, promotor de Justiça da 4ª Vara do Júri de Fortaleza, no dia 8 de setembro de 2017.
Além deste homicídio, Douglas da Silva já respondia a quatro vezes pelo crime de roubo e uma vez por associação criminosa, até que foi finalmente preso pela Polícia após a Chacina do Benfica. Ele foi detido em um prédio de luxo, no bairro Meireles – onde morava a sua namorada – e foram apreendidos dois revólveres calibre 38, uma pistola Ponto 40, munições e carregadores. Desta vez, ele foi autuado por homicídio, posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito, resistência, receptação e organização criminosa.
Festa
Douglas Matias da Silva e a sua namorada (uma fisioterapeuta que terá a sua identidade preservada) estavam comemorando o aniversário do um filho de um amigo do casal, na comunidade do Lagamar, horas antes da sequência de ataques praticados no bairro Benfica.
A reportagem apurou que o casal chegou à festa por volta de 19h30 da noite fatídica. Às 22h, Douglas deixou a namorada no local e disso “Eu vou ali e já volto”. Na noite, Silva saiu com os amigos Francisco Elisson e Stefferson Mateus, conhecido como ‘Véi’. O trio utilizara um Fiat Punto de cor branca, com placas clonadas.
O suspeito demorou mais de uma hora para voltar à festa e buscar a namorada, segundo ela própria depôs à Polícia. Ao voltar, ele estava com o Jeep Renegade da namorada, e não explicou a ela o motivo da troca. O casal voltou para a residência da fisioterapeuta por volta de 1h do sábado (10) e Douglas estava muito nervoso, mas não falou nada sobre ter cometido as execuções, conforme a namorada.
A Polícia Civil chegou ao apartamento onde o casal estava, na Rua Professor Dias da Rocha, Meireles. A fisioterapeuta também foi levada à Delegacia para prestar esclarecimentos, mas foi liberada em seguida.
O governador Camilo Santana afirmou que a prisão de Douglas ocorreu através de uma tecnologia empregada pela Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) nas ruas cearenses: “(A Polícia) prendeu porque nós temos uma ferramenta tecnológica de informação no Estado que poucas capitais têm. Nós monitoramos todas as placas de veículos que circulam na capital cearense. Isso permitiu que, de forma célere, chegássemos àquele veículo”.
Nordeste Notícia
Fonte: Emanoela Campelo de Melo/Messias Borges/Diário do Nordeste