A fuga aconteceu por volta de 4h. Segundo o presidente do Copen, Cláudio Justa, os detentos cavaram um túnel, romperam as cercas da CPPL III e escaparam. De acordo com um agente penitenciário (identidade preservada), o barulho de uma explosão foi ouvido durante a fuga dos internos. A principal suspeita é que uma bomba caseira, fabricada pelos próprios detentos tenha sido arremessada para dispersar os policiais militares e agentes penitenciários. Não há informações de que a fuga tenha tido apoio externo.
A Polícia Militar foi acionada e realizou diligências próximo ao Complexo Penitenciário II, onde fica localizada a CPPL III, mas nenhum fugitivo foi recapturado. Uma aeronave da Coordenadoria Integrada de Operações Aéreas (Ciopaer) participou das buscas. Equipes do Grupo de Apoio Penitenciário (GAP), da Sejus, estiveram na Penitenciária, ontem, para restabelecer a ordem na unidade, contabilizar e identificar os fugitivos. Apesar da fuga, a manhã foi tranquila em frente ao Complexo Penitenciário Itaitinga II, na BR-116. Mulheres que foram visitar os internos que estão presos na CPPL III disseram que desconheciam a fuga, mas não conseguiram entrar, porque as visitas foram canceladas, ontem.
CPPL II
O agente penitenciário ouvido pela reportagem revelou que há uma suspeita de ter ocorrido fuga também na Casa de Privação Provisória de Liberdade Professor Clodoaldo Pinto (CPPL II), localizada no mesmo Complexo Penitenciário, também na madrugada de ontem. A unidade concentra detentos da facção Guardiões do Estado (GDE).
De acordo com o presidente do Copen, Cláudio Justa, agentes penitenciários realizaram buscas pela unidade e não encontraram nenhum indício de que houve a fuga. A Sejus negou a evasão na CPPL II.
Segundo o presidente do Copen, os problemas do Sistema Penitenciário estão diretamente ligados às facções. “Existe a guerra nas ruas, com o fim da paz entre as facções, e também existia a guerra no Sistema Penitenciário. Foi necessário separar as facções. Com essa separação, diminuíram os casos de violência, mas o Sistema estrutural continua o mesmo. O volume de novos presos foi enorme, o aumento foi de cinco mil internos, nas grandes unidades da Região Metropolitana de Fortaleza. Isso é muita coisa para quem já não tinha vagas no ano passado”.
Lideranças
Cláudio Justa lembra que os acontecimentos de dentro das prisões afetam as ruas e que muitas das pessoas que comandam organizações criminosas são forjadas dentro da cadeia. “As lideranças que se formam no Sistema Penitenciário, nem sempre são as lideranças das ruas. Elas emergem na cadeia. Geralmente, são os presos mais viris, enérgicos, cruéis. As facções exercem intimidação sobre os agentes penitenciários. Muitas vezes, os agentes penitenciários moram nas periferias, dominadas pelas facções. Isso gera impacto na atuação dos profissionais”.
Para o presidente do Copen, a calmaria aparente nas penitenciárias não significam uma melhora. “Não temos um Sistema Penitenciário que melhorou, só não está em efervescência. Mas talvez esteja pior estruturado. O problema está acoplado ao da Segurança Pública, em geral”.
Nordeste Notícia
Fonte: Diário do Nordeste/Messias Borges/Emanoela Campelo de Melo