Duas abordagens policiais deixaram cinco suspeitos mortos, no Ceará, entre o sábado (12) e a madrugada da última segunda-feira (14). Em uma das ocorrências, na madrugada de ontem, três homens armados morreram ao reagir à ordem para parar da Polícia Militar, em Boa Viagem. Já na tarde do último sábado (12), uma quadrilha suspeita de ataques à bancos entrou em confronto com policiais militares, terminando na morte de dois criminosos e na prisão de seis comparsas, em Pacajus.
De acordo com informações do Comando Tático Rural (Cotar), uma equipe que se deslocava em uma viatura, pela Rua José Jofre da Silva, em Boa Viagem, por volta de 0h05, deparou-se com um veículo Volkswagen Polo, de cor prata, que se assemelhava a um automóvel utilizado em um roubo de R$ 40 mil, no município de Pedra Branca.
Ao receber a ordem dos PMs para parar, os ocupantes do automóvel começaram a disparar vários tiros e a Polícia revidou. Após um suspeito ser atingido, os dois comparsas entraram em uma residência próxima, onde continuou a troca de tiros.
No confronto, três suspeitos, conhecidos como ‘Vandin’, ‘Nego’ (irmão do primeiro) e Ítalo, foram baleados e socorridos pela Polícia até o Hospital Municipal, onde foram constatadas as mortes. Dois policiais foram atingidos na perna. Um deles precisou ser levado ao Instituto Doutor José Frota (IJF), em Fortaleza, e passou por uma cirurgia, após perder muito sangue.
Com o grupo, a Polícia apreendeu dois revólveres calibre 38, uma pistola Ponto 40, munição, cerca de R$ 5,5 mil e vários documentos de identificação. A Polícia suspeita que dois comparsas do trio estavam na residência e fugiram durante o tiroteio.
Fuzil
Após receber uma denúncia anônima de que homens estavam trafegando com armas de grosso calibre, o Batalhão de Polícia de Choque (BPChoque) se deslocou até uma residência na Rua José Gomes, no bairro Banguê 1, no município de Pacajus, na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), e foi recebido a tiros.
A quadrilha estava fortemente armada, inclusive com um fuzil AK-47, calibre 762, importado da Geórgia, e a Polícia suspeita que os criminosos estivessem se preparando para realizar ataques a instituições financeiras e resgate de presos em uma unidade prisional do Estado. No tiroteio, morreram Davi Magalhães Pinheiro, 22; e Jacson Leandro Barbosa Barros, 28. Os presos foram Erinaldo Cardoso de Lima, 35; Carlos Roberlanio Macena da Silva, 42; Roberto Geyvson Badran, 33; João Victor Girão Fernandes, 18; Francisco Maurício Mendes da Costa, 21; e Francisco Thiago Girão, 28.
Com a organização criminosa, foram apreendidos o fuzil, três escopetas calibre 12, três pistolas calibre 380, munição, sete coletes balísticos, uma pequena quantidade de droga e cinco veículos (sendo um Volkswagen Polo, um Fiat Uno, um Chevrolet Celta e duas motocicletas). Uma das escopetas era pertencente à Secretaria da Justiça e Cidadania (Sejus) e tinha sido roubada da Cadeia Pública de Horizonte, há cerca de dois meses.
Entretanto, o fuzil AK-47 foi a arma que mais chamou atenção das autoridades policiais. “É um armamento que nem a Polícia tem acesso. Produto importado, o Brasil não fabrica. O poder é devastador. Um tiro desse armamento fura viatura policial, colete balístico, até carro-forte. É proibido a Polícia brasileira usar. E você vê que está na mão de criminoso”, revelou o titular da Delegacia de Roubos e Furtos (DRF), da Polícia Civil, delegado Raphael Vilarinho.
Com exceção de Jacson Leandro, todos tinham passagens pela Polícia, por crimes como homicídio, roubo, associação criminosa e tráfico de drogas. Os presos foram autuados na DRF por tentativa de homicídio, receptação, tráfico de drogas, associação para o tráfico, porte ilegal de arma de fogo de uso restrito, posse irregular de arma de fogo e associação criminosa.
A investigação inicial aponta que o bando iria atacar uma agência bancária na Região do Baturité. Segundo o delegado Vilarinho, o arsenal apreendido será periciado para saber se já foi utilizado em ações criminosas no Estado.
Acumulado
Mais de 100 suspeitos de cometerem crimes já morreram em confronto com a Polícia, no Estado, neste ano. O último balanço da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social do Ceará (SSPDS), do fim do mês de julho, era de 98 mortes. Em igual período de 2016, 56 suspeitos morreram em intervenções policiais, o que representa um aumento de 75% nas ocorrências do tipo, no ano corrente.