Se a Funceme confirmar previsão de chuvas abaixo da média, Fortaleza não escapará do racionamento, previsto para 1º de fevereiro
Se a Funceme confirmar previsão de chuvas abaixo da média, Fortaleza não escapará do racionamento, previsto para 1º de fevereiro

Mesmo atuando na faixa equatorial do oceano Pacífico, La Niña está fraca. E, se for concretizada a previsão meteorológica de neutralização do fenômeno entre os meses de fevereiro e março de 2017, o Ceará não terá como se beneficiar das chuvas comumente causadas por ele. A situação difere dos últimos anos, quando a influência do El Niño era intensa e direcionava as ações de convivência com a seca. O Estado, portanto, projeta a gestão da água em clima de indefinição. Prospectando o pior cenário, apenas a certeza de que desta vez, se confirmada previsão de chuvas abaixo da média, Fortaleza não escapará do racionamento. E tem data: 1º de fevereiro.

Quem passou a informação foi o secretário dos Recursos Hídricos, Francisco Teixeira. Na manhã de ontem, ele e o diretor de Operações da Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece), Josineto Araújo, compareceram à Câmara Municipal de Fortaleza para esclarecer aos 25 vereadores presentes (18 ausentes, nenhum com justificativa) a situação hídrica do Estado e o impacto mais severo que ela deve causar na Capital.

À tarde, em encontro do Fórum Cearense dos Comitês de Bacias Hidrográficas, o presidente da Companhia de Gestão de Recursos Hídricos do Ceará, João Lúcio Farias, explicou que o abastecimento em Fortaleza deve ser interligado ao sistema do Jaguaribe. “Hoje estamos contando com as reservas do Orós e Castanhão. Estamos em trabalho de uso racional, dependendo da recarga que vamos ter nos reservatórios, para enfrentar o ano de 2017. Claro que com nível de dificuldade”, compreende João. De acordo com o Portal Hidrológico, o Orós está com 15,8% da capacidade e o Castanhão com 5,24%.

Na Câmara, Teixeira detalhou as ações do Governo, ouviu propostas de economia em unidades residenciais, elogiou a redução de 15% no consumo de água pelo fortalezense, mas foi taxativo: “para garantir água para Fortaleza, tiramos do Vale do Jaguaribe. Hoje, a bacia vive com restrição de 75% no uso da água para a agricultura irrigada”, destacou, comentando o clima de conflito no Interior.

Josineto Araújo, da Cagece, foi mais brando sobre a necessidade de racionar: “A gente tem que analisar, ver o prognóstico da Funceme e a recarga. Mas, se for necessário, a gente vai entrar”.

“Se eu tivesse o São Francisco, hoje, diminuiria o impacto da falta d’água no Jaguaribe, porque poderia ficar mais água do Orós e do Castanhão lá e a da transposição viria pra Fortaleza”, projetou Teixeira. O edital para contratação da empresa que concluirá a obra de integração, entretanto, só foi publicado ontem.

Saiba mais

 El Niño é uma das principais causas da seca que se prolonga há cinco anos consecutivos no Ceará. Ele consiste no aquecimento das águas do oceano Pacífico.

La Niña é o contrário

do El Niño e um dos fenômenos meteorológicos que podem repercutir em chuvas no Nordeste. Consiste no esfriamento das águas do oceano Pacífico.

 Conforme o Monitor de Secas do Nordeste no Brasil, toda a região está em situação de seca excepcional, extrema ou grave. Somente o sul da Bahia encontra-se em situação de seca moderada ou fraca.

O nível médio dos reservatórios cearenses estava, até a noite de ontem, em 7%.

Nordeste Notícia
Fonte: O Povo/Luana Severo/Eduarda Talicy

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