image (7)O cenário da estiagem no Ceará é cada dia mais alarmante, apontam os dados de setembro do Monitor da Seca – ferramenta do governo federal que acompanha a evolução do fenômeno e que tem como parceira a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme). De acordo com o Mapa, o quadro piorou e muito, com atenção para a Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), onde era observada uma área com seca moderada até agosto e agora os indicadores apontam uma seca grave. Até maio, a RMF não havia sido atingida pelo fenômeno.

Nas demais áreas do Estado, sinaliza o relatório, observa-se a expansão, para norte, do nível extremo, além do aumento da área com grau excepcional para todo o Centro-Sul, sendo que a pior situação ocorre no Cariri e na parte inferior do Sertão dos Inhamuns. Para o meteorologista da Funceme, Raul Fritz, a tendência é que a seca se agrave até dezembro, quando começa a pré-estação chuvosa.

Em julho passado, apenas pequenos trechos de quatro Estados, Ceará, Rio Grande do Norte, Pernambuco e Piauí, registravam o índice mais drástico na escala das secas. No mês passado, houve um dilatamento desse espaço e, além do aumento do espaço, outros também foram afetados, como o Maranhão, Bahia e Alagoas.

“As poucas chuvas que ocorreram em setembro também contribuíram para agravar a situação que atinge 100% do território cearense”, frisam as informações disponibilizadas. Para meteorologistas, a ferramenta é um instrumento de monitoramento que mostra a magnitude da estiagem no Nordeste e seus impactos. O mapa leva em consideração dados de monitoramento e os impactos concretos no abastecimento, agricultura e pecuária, dentre outras áreas, para apresentar o retrato mais recente e fiel possível da seca de maneira periódica.

O prolongamento da estiagem na região já dura cinco anos e, em consequência disso, atualmente, 127 municípios cearenses ou 60% deles dependem da atuação do Exército com a Operação Carro-Pipa. A homologação da situação de emergência é feita pelo Governo do Estado e encaminhada ao Ministério da Integração Nacional que reconhece via portaria ministerial. Entre os atendidos, cinco são da Região Metropolitana de Fortaleza: São Gonçalo do Amarante, Chorozinho, Pacatuba, Pacajus e Caucaia. Isso significa que o avanço da seca já impactou negativamente 38,4% das 13 cidades que integram a RMF.

Conforme um dos integrantes da Defesa Civil, capitão Aluízio Freitas, sete sedes municipais – Boa Viagem, Campos Sales, Dep. Irapuan Pinheiro, Iracema, Palmácia, Pedra Branca e Pereiro – dependem das ações do programa Carro-Pipa Estadual. “Só atendemos as sedes. Só aí temos mais de 53,7 mil pessoas das sedes urbanas impactadas pelo desabastecimento de água”, afirma. Ele diz que esse atendimento deve ser ampliado para outras áreas, como o distrito de Croatá, em São Gonçalo do Amarante. “O programa conta que 94 carros-pipa”.

Cenário

O professor da Universidade Federal do Ceará e PhD em Mudanças Atmosféricas, Alexandre Costa, avalia, que numa situação “dramática” como a que se enfrenta hoje, tudo vale para levar água para as comunidades mais afetadas, como a construção de adutoras de engate rápido, perfuração de poços e o carro-pipa.

Entretanto, aponta, a qualidade desse recurso é questionável, mesmo com tudo que tem sido feito. “Sei da escavação de poços, mas a água ofertada de locais desconhecidos é em grande volume ainda, e isso gera consequências ainda mais graves como doenças que podem deixar sequelas para sempre, principalmente em crianças e nos idosos, sem falar no desenvolvimento cognitivo”, frisa.

Na sua percepção, o carro-pipa é uma realidade histórica e deve persistir por muito tempo. “Mas é preciso buscar outras fontes confiáveis e garantir que, em momentos como esse, a gente fique buscando soluções paliativas e sem prosseguimento”.

Classificação

Fraca: Entrando em seca – veranico de curto prazo diminuindo plantio, crescimento de culturas ou pastagem saindo de seca – déficits hídricos prolongados, pastagens ou culturas não completamente recuperadas

Moderada: Danos às culturas, pastagens; córregos, reservatórios ou poços com níveis baixos; algumas faltas de água em desenvolvimento ou iminentes; restrições voluntárias de uso de água solicitadas

Grave: Perdas de cultura ou pastagens prováveis; escassez de água comuns; restrições de água impostas

Extrema: Grandes perdas de culturas / pastagem; escassez de água praticamente generalizada ou restrições

Nordeste Notícia
Fonte: Diário do Nordeste/ Lêda Gonçalve

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