Para o setor de turismo de eventos do Ceará, o mês de setembro deste ano deve ter uma ocupação melhor do que a alta temporada (julho), projetou o presidente do Visite Ceará – Convention & Visitors Bureau (C&VB), Régis Medeiros, durante a apresentação da pesquisa “Dados Econômicos do Turismo de Eventos em 2015”, ontem (29), no Hotel Sonata.
A boa expectativa é pautada por dois acontecimentos que serão realizados no Centro de Eventos do Ceará (CEC), o Congresso Brasileiro de Contabilidade e o Congresso Brasileira de Cardiologia. Juntos, devem receber cerca de 18 mil pessoas. “O impacto será forte”, garante.
Em 2015, conforme o estudo, realizado em parceria com a Universidade de Fortaleza (Unifor), foram catalogados 560 eventos com a presença de 750.335 participantes, sendo 188.709,25 turistas (25,15%). O faturamento anual dos eventos foi de R$ 24,9 milhões, sem contabilizar os espaços de eventos esportivos, queda de 16,7%, em relação ao ano anterior, quando o faturamento foi de R$ 29,9 milhões.
O encolhimento é justificado por Medeiros pela atual crise econômica. Em 2014, o número de eventos também foi maior, 1.164, assim como o de participantes, que chegou a quase 1 milhão de pessoas (903.913). O percentual de turistas praticamente se manteve, quando comparado a 2015, em 25%.
No ano passado, os participantes dos eventos que ocorreram no Estado, locais e visitantes, aplicaram no Ceará receita de R$ 368.385.810,65. A maioria dos gastos foi destinada ao comércio (26,3%), seguido pela alimentação (21,9%) e hospedagem (18,8%). Em média, por dia, o turista de negócios gastou R$ 437,16. E o tempo médio de permanência no evento foi de 3,9 dias. Em 2015, o ápice do setor aconteceu em agosto, com a realização de 89 eventos. Segundo o presidente da C&VB, há dez anos, Fortaleza era muito forte no turismo de lazer e os picos eram apenas na alta temporada. Isso dificultava a manutenção de uma estrutura fixa e de qualidade dos serviços prestados na cadeia local. Com a expansão do turismo de negócios e a redução da sazonalidade com os eventos, este cenário mudou e os empresários conseguem manter, atualmente, a mesma estrutura ao longo do ano.
Perspectivas para 2016
Segundo a diretora comercial da entidade, Celina Castro Alves, é esperado 15% de aumento na captação de eventos em 2016 em relação a 2015. “Não estamos vendo nenhum obstáculo e sim (aspectos) positivos por conta do nosso Centro de Eventos. Além da cidade estar bem preparada, a hotelaria investindo em infraestrutura e (bons) acessos”.
Hoje, Fortaleza lidera o turismo de negócios no Nordeste já que nas praças de Natal e Salvador os espaços para realização dos eventos estão em reforma e Recife precisa de uma nova modelagem. Neste ano, os eventos realizados até agora na Capital estão mantendo o mesmo patamar de 2015, mas o faturamento tende a ser menor, pois as pessoas estão enxugando os custos por conta da crise econômica.
Medeiros exemplifica com casos como os de patrocinadores que reduziram o volume dos custos para realizações dos acontecimentos, empresas que cortaram pela metade os participantes nos eventos ou decidiram fazer seminários com transmissão virtual.
Diferenciais e agenda
Com o objetivo de driblar a crise, o setor tem apostado no grande diferencial do Estado, que segundo Medeiros, é o Centro de Eventos. “É um grande ícone que pode ser muito mais utilizado. Ele ainda é uma criança. Temos muitos eventos que podem ser captados para Fortaleza”, destaca.
Em parcerias com outras entidades empresariais do Estado, a equipe comercial da C&VB tem feito visitas por diferentes locais do Brasil. Recentemente estiveram em São Paulo visitando 60 empresas. Até o momento, de acordo com a Secretaria de Turismo do Ceará (Setur), para o segundo semestre estão agendados 36 acontecimentos de diferentes segmentos. Para 2017, 43 eventos já estão agendados.
Em 2016, dois acontecimentos atrapalharam o turismo de evento no Ceará, as Olimpíadas e as eleições. Outro ponto a ser melhorado, segundo Medeiros, é a questão da malha aérea. Para ele, o hub acrescentaria muito ao setor, mas ainda não consegue prever em quanto cresceria o mercado. O presidente destaca ainda, que em muitos casos, os participantes dos congressos viajam acompanhados pelos cônjuges. E costumam retornar ao Estado acompanhados pela família. “Isto tem um efeito multiplicador muito grande”, ressalta.
Setfor
O secretário de Turismo de Fortaleza (Setfor), Erick Vasconcelos, destaca que nesta gestão houve investimento na promoção da cidade, principalmente no mercado de negócios. “O turista do corporativo gasta três vezes mais do que o turista de lazer. Hoje, representamos apenas 5% dessa parcela, mas com os investimentos na promoção e nos equipamentos, estamos cada vez mais preparados para receber também, o novo perfil do turista de Fortaleza”.
Nordeste Notícia
Fonte: Diário do Nordeste