De acordo com a mãe da vítima, o menino já sofria bullying e a escola tinha conhecimento das agressões. Contudo, nenhuma ação foi tomada ( Foto: Helene Santos )
De acordo com a mãe da vítima, o menino já sofria bullying e a escola tinha conhecimento das agressões. Contudo, nenhuma ação foi tomada ( Foto: Helene Santos )

“Os meninos fizeram coisa feia em mim”, a declaração foi dada por um menino de nove anos, aluno da Escola Municipal Gabriel Cavalcante, no bairro Presidente Kennedy, em Fortaleza. Da vergonha, ou mesmo da inocência, não conseguiu tirar as palavras corretas para se expressar ao pai, quando o encontrou, após sair do colégio na última segunda-feira (6).

O menino diz ter sido vítima de um estupro coletivo, segundo ele, pelos próprios colegas. Cinco outras crianças, com idades entre nove e onze anos, teriam cometido o ato contra o garoto.

De acordo com a família da criança, que é especial e faz uso de remédios ‘controlados’, ele já sofria bullying dos outros alunos na escola. Segundo a mãe da criança, que terá a identidade preservada, os fatos haviam sido comunicados à direção do colégio. Conforme a mulher, nenhuma ação teria sido tomada pela instituição de ensino para impedir as agressões.

Na última segunda-feira (6), porém, a atitude do garoto demonstrava que algo bem pior tinha acontecido. Quando o pai do menino foi buscá-lo, no horário do fim da aula, o encontrou na rua, já voltando, sozinho, da escola. “Ele nunca sai sozinho, sempre meu marido vai buscá-lo. Mas o encontrou já na rua, voltando. Vinha chorando, com os olhos vermelhos. O pai dele perguntou o que houve, e ele disse que a professora o havia mandado sair de sala”, afirmou a mãe.

O homem seguiu com o menino à escola mas encontrou as portas já fechadas. Chegando em casa com o filho, constatou com a esposa o que jamais imaginava. “A cueca dele estava suja de fezes e sangue. Chorei muito”, relatou a mulher. Conforme a mãe do menino, ele relatou a ela que, “enquanto uns o seguravam, o outro tapava a boca para não gritar e os demais o penetravam”, contou.

Em meio à dor de ver o filho, vítima de uma violência que parecia até ter sido banalizada, a mãe disse que reuniu forças e iniciou uma peregrinação a delegacias. Conseguiu contato com uma conselheira tutelar do município e seguiu à sede da Perícia Forense do Estado do Ceará (Pefoce), para a realização do exame de corpo de delito.

“No olhar, o médico confirmou o que nós sabíamos. Informalmente ele revelou: nosso filho foi estuprado”, relatou a mãe da vítima.

Na terça-feira (7), a mulher conta que retornou à escola, de posse de um Boletim de Ocorrência, para cobrar uma atitude dos profissionais responsáveis pelas crianças. “Alegaram que iam ver se aquilo era verdade. Ninguém quis acreditar no meu filho. Deixaram ele sair sozinho, ferido. Deixaram ele ser violentado. Deveriam ter escutado o que nosso filho disse e ligado pra nós, pelo menos”, criticou. O laudo pericial, contou, já foi entregue à Delegacia de Combate à Exploração de Crianças e Adolescentes (Dececa), que apura o caso.

Resposta

A reportagem foi à escola na tarde de ontem. No local, ninguém quis falar sobre o caso. A Secretaria Municipal de Educação (SME) foi acionada e informou por e-mail que “está tomando todas as providências cabíveis para apurar a denúncia” e “que o caso foi encaminhado para o Conselho Tutelar”.

Nordeste Notícia
Fonte: Diário do Nordeste

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