O aviãozinho de Vanderlei Cordeiro de Lima decolou de novo. E agora alçou o seu voo mais alto, indo além dos céus e o imortalizando. A honra maior da cerimônia de abertura da Olimpíada Rio 2016 coube a um ex-boia-fria. Foi dada ao filho do seu “Zé Pequeno” e da dona Aurora, dois retirantes nordestinos que fugiram da seca em busca de melhores condições de vida. Foi dada ao menino que sonhava ser jogador de futebol, mas que sem dinheiro corria descalço nas ruas de Tapira, no interior do Paraná. Injustiçado em Atenas 2004, quando um ex-padre interrompeu seu trajeto rumo à medalha de ouro na maratona, Vanderlei teve o privilégio de acender a pira olímpica, emocionando o Maracanã e colocando abaixo a informação de que a pessoa que participasse do revezamento da tocha pelo país estaria fora da lista.

A escolha pelo ex-atleta deu fim ao suspense. Desde que o Brasil foi eleito para receber os Jogos, em 2009, cogitou-se Pelé, que, por questões de saúde, desistiu em cima da hora. Falou-se em Hortência, Gustavo Kuerten, Cesar Cielo ou Oscar. A responsabilidade, contudo, ficou com o cara que fez o país chorar pelo ouro que não veio. Ficou com o cara que, mesmo derrotado, sorriu e muito nos ensinou pela postura que o fez, inclusive, digno da medalha Pierre de Coubertin. Desta vez, nenhum padre louco impediu Vanderlei da glória.

Acostumado a se concentrar para as provas de atletismo durante toda a carreira, Vanderlei revelou uma tensão nova ao ter a responsabilidade de acender a pira olímpica. Ainda emocionado, ele espera que os atletas brasileiros possam fazer história nestes Jogos.

– A emoção foi muito grande, estava me contendo. A adrenalina é muito grande. É um momento único. Acho que não só para mim, mas para todos os esportistas brasileiros. Principalmente essa  galera que vai nos representar. Estamos também na torcida para que eles possam realmente marcar um momento nos Jogos Olímpicos – disse o ex-atleta, que comparou o feito da noite de abertura com a conquista do bronze na maratona, em Atenas, em 2004.

– É bem maior do que ganhar uma medalha. É a primeira vez que participo de uma abertura de Jogos – contou Vanderlei Cordeiro de Lima.

Até chegar a Vanderlei, a tocha passou pelas mãos de Guga, o dono do saibro e maior tenista da história do país. Emocionado, passou para Hortência, a Rainha do basquete. Celebrando muito, ela levou a chama até Vanderlei Cordeiro de Lima. Ele a recebeu, subiu as escadas e foi até a pira olímpica, no ponto alto da festa. Ele tocou a chama no caldeirão que subiu e a levou até a pira principal.  Ela, então, se abriu para receber o fogo olímpico. Vanderlei garantiu que não sabia que seria o encarregado de acender a pira.

– Foi uma surpresa muito grande. Eu não esperava. O meu grande momento nos Jogos, sem dúvida, era conduzir a tocha olímpica, como conduzi (em Brasília). Foi uma grande surpresa. Os deuses do olimpo, mais uma vez, me presentearam. Tenho uma enorme gratidão – contou.

Antes, Emanuel, do vôlei de praia, Rosa Pimentel, cardiologista, Sandra Pires, também do vôlei de praia, Torben Grael, da vela, Joaquim Cruz, do atletismo, Marta, do futebol, Ellen Gracie, do Supremo Tribunal Federal, e Oscar Schmidt, do basquete, conduziram a bandeira olímpica em homenagem especial do COI e do Comitê. Robert Scheidt, da vela, fez o juramento olímpico dos atletas.

Fonte: Globo.com

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