Pelo menos quatro candidatos a prefeito de três municípios do Ceará renunciaram às postulações pelo Poder Executivo das cidades. Os casos ocorreram em Iguatu, Pacujá e Barreira e têm como pano fundo polarizações em torno de outros nomes que disputam o comando das administrações ou imbróglios judiciais que levaram à inelegibilidade de candidaturas.
No caso de Iguatu, o anúncio foi feito na noite dessa segunda-feira (16) nas redes sociais do candidato Rafael Gadelha (PSD). Ele e seu postulante a vice, o vereador Bandeira Júnior (Avante), afirmaram que estavam deixando o pleito diante da polarização no município.
“A gente viu que, pelo tempo que fomos lançados candidatos, pelo tempo curto da campanha, que não conseguiria vencer a polarização que já estava posta em Iguatu”, afirmou Gadelha.
Os dois compunham a chapa lançada para a sucessão do prefeito Ednaldo Lavor (PSD). Com a desistência, seis candidaturas ao Executivo permanecem em Iguatu: Sá Vilarouca (PSB); Ilo Neto (PT); Roberto Filho (PSDB); Capitão Helder (PL); e Augusto Correira (Mobiliza).
Imbróglios na Justiça
Já no caso Pacujá, as duas únicas candidaturas na cidade foram retiradas por decisão da Justiça. Trata-se do prefeito Raimundo Filho (PSB) e do vice-prefeito Zé Antônio Mão Calejada (União). Os dois foram eleitos juntos em 2020, mas romperam e disputavam o comando do Executivo Municipal em chapas opostas.
Todavia, ambos tiveram os mandatos cassados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e foram considerados inelegíveis por 8 anos. Os políticos tiveram os diplomas anulados por terem sido condenados por compra de votos e abuso de poder nas eleições de 2020. A decisão foi proferida no dia 12 deste mês.
A Corte determinou, ainda, que a Câmara Municipal realize uma eleição suplementar indireta para escolher um novo gestor para um mandato-tampão — que dure até o fim do ano, já que um novo gestor deve ser eleito em outubro e tomar posse em janeiro de 2025.
Ainda que coubessem embargos de declaração para recorrer da decisão, os dois renunciaram às postulações neste pleito. Antes disso, no entanto, eles já estavam como “inaptos” no site de divulgação de candidaturas da Justiça Eleitoral.
Na plataforma, já consta o universitário Pedro Allan (PSB) como substituto de Raimundo Filho. A vice na chapa da coligação “O Novo com o Povo” permanece a mesma: a assistente social Milena Melo (PT).
Nesta segunda, Raimundo Filho foi às redes sociais para anunciar Pedro Allan, que é seu primo.
“O meu compromisso com Pacujá permanece o mesmo, mas diante das novas circunstâncias chega o momento em que precisamos olhar para o futuro e continuar os avanços de conquista e sucesso da nossa cidade, do nosso povo. Apresento a vocês uma pessoa da minha total confiança e com a certeza que continuará, junto comigo, cuidando da nossa cidade”, afirmou.
Já Zé Antônio Mão Calejada não fez um anúncio formal nas redes sociais até essa segunda, mas seu substituto já consta na plataforma da Justiça Eleitoral. Agora, o cabeça de chapa da coligação “Com a força do povo, nasce uma nova esperança” é o agricultor João Paulo da Elma (Cidadania). A vice é a fisioterapeuta Lincelia (União).
“Perseguições”
Em Barreira, o candidato Dr. Thiago Reges (Mobiliza) informou nessa segunda sua saída do páreo. Em carta nas redes sociais, ele ressaltou que sofreu “perseguição”, mas pediu “tranquilidade” aos seus apoiadores. Na Justiça Eleitoral, a candidatura dele consta como indeferida pela lei da inelegibilidade, mas ainda com prazo para apresentação de recurso.
Todavia, ele reforçou que decidiu renunciar, não recorrer, e até o final de semana decidirá para quem irá seu apoio.
“Daqui para o fim de semana eu irei me pronunciar e irei decidir qual candidato ou candidata nós iremos apoiar para ser o futuro prefeito de Barreira. Pode ter certeza que nós iremos para um lado, porque isso faz parte do papel democrático da nossa política brasileira”, complementou em vídeo no Instagram.
Com a desistência de Thiago, Barreira conta, agora, com cinco postulações ao Executivo Municipal: da prefeita Dra. Auxiliadora (PSD); Alailson Saldanha (PT); Chaveirinho (PSB); e professor Hermes Dantas (PL).