Os números não deixam mentir: o caju é uma estrela cearense. Representando 56% do total nacional produzido (68,9 mil toneladas), o Estado é o maior produtor brasileiro de castanha, segundo estimativa divulgada em agosto deste ano pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Com aplicações sociais, culturais e econômicas, é na versatilidade do caju que pode ser encontrado um grande tesouro regional.
A produção do pseudofruto pode ser relacionada a 153 dos 184 municípios cearenses, cerca de 83% do território estadual, de acordo com o IBGE. Estudo desenvolvido pelo Banco do Nordeste (BNB) em junho de 2022, o Caderno Setorial da Etene apontou 271.636 hectares de produção de castanha de caju e um valor estimado de R$ 346.087.
“O caju é uma fruta nossa, possível no sequeiro. Nós temos a expertise e fazemos isso há décadas. O caju virou um produto de um fruto cearense e está enraizado na nossa cultura”, garante o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Ceará (Faec), Amílcar Silveira. O especialista ainda destaca a versatilidade da fruta, uma vez que tanto a fibra, como o pedúnculo (fração carnosa), a castanha e outras partes podem ser aproveitadas.
Idealizador do Museu do Caju e pesquisador, Gerson Linhares defende uma “visão patrimonial da identidade de um povo”, trabalhando esse símbolo sob múltiplos olhares. O profissional alerta que a cajucultura vai muito além do plantio, envolvendo, também, um forte empreendedorismo sociocultural e ambiental. Para ele, o Ceará deve se apropriar da cultura do caju e investir.
“Você pode trabalhar as artes, o artesanato, o cordel, tem inúmeras formas de agregar valor à fruta. Não podemos encarar o caju apenas como um produto agrícola, mas também como um produto turístico, podendo desencadear inúmeras ações, como festivais nacionais”, destaca. Fundado em 2007, o Museu do Caju é localizado em Caucaia e funciona de forma independente. A iniciativa apoia 150 famílias cearenses produtoras de caju, comercializando itens derivados como doce, rapadura, mel, cajuína, licor, vinho e artesanato.
Gerson aponta, ainda, a necessidade de estimular pequenos produtores de caju a inovarem com fabriquetas de derivados da fruta, incentivando o consumo pelos cidadãos e aproveitando ao máximo todas as partes do caju. “É uma campanha de educação patrimonial. O caju é nosso. Precisamos consumir e trabalhar a identidade cultural do povo”, indica.
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