A Justiça do Ceará revogou, nesta segunda-feira (28), a prisão preventiva do idoso suspeito de tentar compensar um cheque falso de R$ 49,3 milhões em uma agência bancária no Bairro de Fátima, em Fortaleza, na última terça-feira (22). Na decisão, o juiz da 8ª Vara Criminal Henrique Jorge Granja de Castro atendeu o pedido da defesa levando em consideração a idade avançada do suspeito, de 71 anos, além das condições de saúde, já que ele não possui parte do pulmão.
Outra motivo para a decisão foi que o suspeito faz parte do grupo de risco diante do cenário de pandemia da Covid-19, em razão da idade.
Na sexta-feira (25), o Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE), por meio da 184ª Promotoria de Justiça, denunciou o próprio idoso e outras duas pessoas envolvidas no crime. Da denúncia, o promotor aponta o crime de vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo o gerente da agência bancária em erro, mediante meio fraudulento, utilizando-se de documento falso em um cheque clonado, no valor de R$ 49.388.000,00.
A Justiça determinou ainda algumas medidas cautelares ao idoso como recolhimento domiciliar noturno das 20h às 5h, uso de tornozeleira eletrônica e comparecimento mensal à sede da Central de Alternativas Penais para informar e justificar as atividades.
Identificação do cheque falso
Luz ultravioleta : cheque utilizado brilha ao ser exposto — Foto: Divulgação
A Polícia Civil do Ceará (PCCE), identificou que o cheque de R$ 49,3 milhões utilizado em uma agência bancária de Fortaleza era falso através de uma lanterna com luz ultravioleta. Três suspeitos foram presos.
“Documentos, dinheiro têm elementos de segurança para evitar a falsificação. Eles utilizam um papel, que faz com que a luz ultravioleta seja absorvida. Se você colocar a luz em cima do papel, ela não brilha, diferente de um papel comum”, explica o delegado adjunto da Delegacia de Defraudações e Falsificações (DDF), Carlos Teófilo.
“É uma das formas que um leigo pode identificar. Logicamente, que depois o cheque foi encaminhado para a Perícia identificar todos os pontos que confirmam a falsificação”, completa o investigador.
Luz ultravioleta exposta em papel de segurança (dinheiro) é absorvida — Foto: Divulgação
Segundo Teófilo, além disso, o cheque, que era de ordem de pagamento, tinha a assinatura de um gerente bancário de São Paulo. Mas, ao checar as informações, a Polícia Civil descobriu que o nome era de um tesoureiro do banco e a assinatura era falsa.
Os suspeitos foram autuados pelos crimes de falsidade ideológica, falsificação de documento, uso de documento falso e tentativa de estelionato.
Prisões em flagrante
O trio foi preso ao tentar compensar o cheque falso no valor de R$ 49,3 milhões em uma agência bancária no Bairro de Fátima, em Fortaleza, na última terça-feira (22).
De acordo com Teófilo, pai e filha tentaram inicialmente aplicar um golpe na agência bancária no valor de R$ 1 milhão, usando um contrato falso.
Em seguida, um terceiro homem se juntou à dupla solicitando a compensação do cheque de R$ 49 milhões. Eles disseram que o dinheiro havia sido adquirido em trabalhos feitos para várias empresas.
Distribuição do dinheiro
Conforme o delegado, os três procuraram a agência bancária solicitando a transferência de R$ 49,3 milhões, que seriam distribuídos em várias contas bancárias. O gerente do banco achou inicialmente que a distribuição do dinheiro seria feita através de transferência. Os suspeitos, no entanto, apresentaram um cheque, o que gerou a suspeita de fraude por parte do gerente.
“Ao receber esse cheque, ele [o gerente] já imaginou que se tratava de uma fraude e entrou em contato com a delegacia de defraudações”, conta o delegado.
O gerente também informou ao policial que o cheque estava em nome de uma empresa cuja proprietária é de Goiás. O delegado investiga se a mulher foi vítima dos suspeitos.
“Eles imaginaram que, com o banco aqui em Fortaleza vendo um cheque com a assinatura do gerente executivo do banco de São Paulo, conseguiriam sem nenhum problema obter essa quantia”, relata o delegado.
Os suspeitos teriam feito o contrato falso como forma de mostrar que havia clareza na negociação que eles tinham feito, segundo o delegado.
Fraude em empresa
A polícia acredita que os suspeitos conseguiram dados da empresária goiana proprietária e estavam usando de forma criminosa.
“O objetivo deles era de colocar, repassar, transferir esses valores para diversas contas. A história era que um milhão ia para conta da empresa da dupla, e o restante queriam que fosse transferido para diversas outras contas”, diz Teófilo.
A polícia não conseguiu identificar outros suspeitos de envolvimento no crime pelo fato de o trio não ter repassado dados de outras contas bancárias para transferências.
Nordeste Notícia
Fonte: G1