CPPL, Casa de Privação Provisória de Liberdade — Foto: TV Verdes Mares/Reprodução

Mais de 365 dias foram passados na cadeia pelo vendedor de salgados Cristiano Brito de Morais até que sua inocência, por dois homicídios, fosse finalmente comprovada. Agora, fora da Casa de Privação Provisória de Liberdade Professor Jucá Neto (CPPL 3), em Itaitinga, na Região Metropolitana de Fortaleza, desde a tarde dessa quinta-feira (23), ele traz consigo a vontade de superar a dura realidade que vivia enquanto estava preso.

Cristiano Brito estava preso por dois casos de homicídio que tramitavam na 2º Vara do Júri de Fortaleza. Após ter a inocência garantida por conta do trabalho de Defensoria Pública do Ceará, com atuação de diversos defensores, incluindo Paulo Carmo, o vendedor garantiu o direito à liberdade.

Com ainda um sentimento de pesar pelo tempo perdido dentro da prisão, Cristiano narrou o que passou dentro da cadeia: “Eu sofri problemas psicológicos, problemas físicos. Vi opressões, coisas que abalaram muito a minha vida. Tinha muita saudade da minha família e pensava no que ela estava fazendo aqui fora, se estava comendo, sobrevivendo. Com esses pensamentos, a sensação era de 100% de impotência. O que eu passei poderia ter sido impedido pela Justiça.”

Mudanças

Em contraponto à bagagem negativa que trouxe do que sofreu no cárcere, a gratidão por ter sido finalmente libertado é, também, nítida nas palavras de Cristiano. “Deus sabia que eu era inocente desde o começo. Eu me ajoelhei logo em frente ao presídio e agradeci a Ele. Não estava acreditando. Estava ainda êxtase. Agradeci e fui caminhando até chegar lá em frente ao presídio, onde uma mulher me ajudou a ligar pra minha família, para vir me buscar. É uma alegria medonha, uma felicidade medonha.”

Além de ganhar a liberdade, Cristiano afirmou que poderá, também, adquirir um outro nome. A mudança se deve pela hipótese de que o verdadeiro culpado pelos dois assassinatos seja homônimo do vendedor, como informou Paulo Carmo, um dos defensores do inocentado.

“Tudo indica que eles são homônimos e que os crimes tenham sido cometidos por outro Cristiano, apelidado de Ratinho. Este outro não sabemos ainda se ele está preso ou solto, mas tenho conhecimento que é bastante perigoso”, falou o defensor.

Sobre os planos futuros, Cristiano, o “Kiki”, contou que pretende reverter o papel de culpado concedido a ele injustamente e que sonha em trabalhar. “As pessoas acham que eu sou verdadeiro culpado, até mesmo a Justiça achou que eu era o criminoso que tinha tirado vidas e vidas. E isso mancha a minha imagem. Mas, graças a Deus, com essa absolvição, com essa inocência, pode ser que as pessoas me vejam com bons olhos.”

“Esse é um novo recomeço. Vou tentar arrumar um novo emprego. Vou batalhar por um emprego digno, de carteira assinada e vou viver minha vida com a minha família, começar tudo de novo, me restabelecer e reconquistar as coisas que eu mais desejo.”

Inocência e liberdade

Conforme a Defensoria, primeiramente, em novembro de 2019, aconteceu o júri de um dos crimes. Com vários réus, e sem nenhuma prova contra o vendedor, Paulo Carmo afirmou que Cristiano havia sido absolvido desse caso. “As próprias testemunhas afirmaram no júri que não o reconheciam.”

Ainda preso, pelo segundo homicídio, foi analisado nesse processo restante que na data do assassinato, Cristiano já estava preso. Com essa confirmação, Paulo Carmo informou que o Ministério Público do Ceará (MPCE) deu parecer favorável pela extinção e o juiz que acompanhava o caso decidiu pela inocência e expediu, finalmente, o alvará de soltura do vendedor. Cristiano informou ainda que sua defesa pretende entrar com um processo contra o estado para requerer uma indenização.

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