Os dados são da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos do Ceará (Cogerh), que monitora 157 açudes do Estado, e consideram como parâmetro o volume geral registrado no dia 21 de maio de cada ano.
A última vez que os reservatórios estavam acima dos atuais 56,9% nessa data foi em 2012, quando o volume chegava a 63,1%. Já no dia 21 de maio do ano seguinte, o nível desceu para 41,5%, e só voltou a ultrapassar os 50% em 2023.
Observar o volume dos açudes cearenses neste momento é importante porque o Estado está a cerca de 10 dias do fim da quadra chuvosa, que se estende de fevereiro a maio. Até abril, todos os meses atingiram a média de chuvas registrada historicamente.
Os números de maio ainda são preliminares, atualizados diariamente pela Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) – mas, até essa terça (21), o acumulado ainda estava 40,8% abaixo da média histórica, que é de 90,7 milímetros nos 31 dias.
O aporte dos quatro primeiros meses de 2024 foi fundamental para fazer subir o nível dos reservatórios. Em entrevista ao Diário do Nordeste, Tércio Tavares, diretor de operações da Cogerh, destacou que o acumulado médio foi de 754 mm, 22% a mais do que o histórico.
“As boas chuvas que ainda estão caindo em nosso Estado, neste ano de 2024, têm levado o Ceará a quebrar recordes dia após dia”, comemorou o gestor, destacando, por outro lado, a necessidade de uso racional da água.
“Mesmo com o aporte hídrico histórico e com a garantia de água em quantidade e qualidade para, pelo menos, dois anos, nunca é demais falarmos no uso moderado. Temos que garantir esse bem finito não somente para os nossos dias, mas sobretudo para as próximas gerações”, projetou.
MAIORES AÇUDES DO CEARÁ
Nessa terça (21), de acordo com o painel da Cogerh, 54 açudes do Ceará estavam sangrando – ou seja, atingiram a capacidade máxima de armazenamento. Um deles é o Araras, o quarto maior do Estado, localizado no município de Varjota, no sertão.
Os outros três gigantes cearenses – Castanhão, Orós e Banabuiú – não alcançaram o volume máximo, mas registraram o maior armazenamento de água em mais de 10 anos. Os volumes atuais deles são:
- Castanhão: 36,5% cheio;
- Orós: 75,1% cheio;
- Banabuiú: 42,9% cheio.
De acordo com a classificação da Secretaria dos Recursos Hídricos (SRH), Banabuiú e Castanhão estão na categoria de “alerta”, quando o reservatório tem entre 30% e 50% da capacidade. Já o Orós está “muito confortável”, classificação reservada àqueles acima de 70%.
Conforme a Cogerh, sete das 12 bacias hidrográficas do Ceará iniciaram o mês de maio em situação “muito confortável: Acaraú, Coreaú, Metropolitana, Serra da Ibiapaba e Salgado, além das bacias Litoral e Baixo Jaguaribe.
Entre os 157 açudes monitorados pela Cogerh, 54 estão sangrando, 29 estão com volume acima de 90% e outros 19 são considerados críticos, com volume abaixo de 30%. O que amarga a pior situação é o de Favelas, em Tauá, com apenas 1,36% do total preenchido.