Cordelista Gonçalo Ferreira da Silva, 84 anos, mora no Rio de Janeiro — Foto: Reprodução
Cordelista Gonçalo Ferreira da Silva, 84 anos, mora no Rio de Janeiro — Foto: Reprodução

Um trecho de um cordel de autoria do cordelista cearense Gonçalo Ferreira da Silva, de 84 anos, foi utilizado em uma questão de física da prova de Ciências da Natureza e suas tecnologias do Enem 2021 deste domingo (28). Para o autor, a criação dos versos foi “uma coisa meio espiritual”.

“Fazer foi uma coisa meio espiritual, como se eu pedisse autorização aos deuses do parnaso para fazê-lo. E ele ficou assim, mas realmente se tratando de física, não é diferente disso”, diz o cordelista, poeta, contista e ensaísta.

 

Gonçalo é natural de Ipu, no interior do Ceará, e se mudou para o Rio de Janeiro quando tinha 14 anos. O autor mora há 70 anos na cidade carioca.

A questão utilizou um trecho do cordel “Senhor dos Anéis”, publicado em 2004 pelo cearense:

A distância em relação
Ao nosso planeta amado
Pouco menos que a do Sol
Ele está distanciado
E menos denso que a água
Quando no normal estado

Cordelista de ciência

 

Reprodução o livro Senhor dos Anéis, de Gonçalo Ferreira da Silva; trecho da obra caiu no Enem 2021 — Foto: Reprodução
Reprodução o livro Senhor dos Anéis, de Gonçalo Ferreira da Silva; trecho da obra caiu no Enem 2021 — Foto: Reprodução

Gonçalo Ferreira é atual presidente da Academia Brasileira de Literatura de Cordel (ABLC) e possui mais de 100 textos em cordel sobre temas de ciência, envolvendo áreas como filosofia, física e química, por exemplo.

Ele disse que o “Senhor dos Anéis” é um cordel de ficção, para o qual pediu emprestado ao filme o seu título. “Quando falei do Einstein em uma obra, lembrei do filme do Senhor dos Anéis e me inspirou a fazer um folheto paralelo”, disse.

Gonçalo já realizou palestras em diversas universidades brasileiras e até fora do Brasil. Para ele, porém, a lembrança de uma produção sua “despretensiosa”, como se refere, em um exame como o Enem o deixou “imensamente feliz”.

“Entre muitas conquistas minhas, para mim, é um momento muito importante. Um cordel despretensioso, tanto que tenho sobre Arquimedes, sobre Pitágoras, Platão, textos importantíssimos, mais de 100 folhetos e serem lembrados, e aparecer na minha vida, ser homenageado dessa maneira, fico imensamente feliz”, diz.

 

Patrimônio do Brasil

 

Em 2018, a literatura de cordel foi reconhecida pelo Conselho Consultivo do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) como Patrimônio Cultural do Brasil.

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