As regiões com mais casos confirmados de Covid-19 são as que apresentam o maior número de denúncias ao Conselho Federal de Medicina sobre falta de EPIs, exames, medicamentos etc
O Ceará é o quinto estado do Brasil com maior número de denúncias de médicos ao Conselho Federal de Medicina (CFM) durante a crise do coronavírus. Ao todo, foram 2.166 serviços de saúde denunciados em todo o País, sendo 118 deles no Ceará, onde, assim como em outros estados, segundo os relatos, faltam Equipamentos de Proteção Individuais, exames, medicamentos, material de higienização e até mesmo profissionais.
As unidades federativas com mais casos confirmados de Covid-19 são as que apresentam o maior número de relatos. No Nordeste, foram 611 denúncias, ficando em segundo entre as cinco regiões do Brasil. Em primeiro lugar fica o Sudeste, com 947 denúncias, sendo São Paulo o primeiro colocado nacional entre os estados, com 472; Rio de Janeiro em segundo, com 275; e Minas Gerais em terceiro, com 189. Em quarto fica Bahia – na região Nordeste -, com 161 denúncias.
Ainda segundo a pesquisa, 84,6% dos hospitais denunciados são públicos. Outros 10,4% são privados, 3,4% filantrópicos e 1,7% classificados como “não sei” pelos denunciantes.
Segundo o presidente do CFM, Mauro Luiz de Britto Ribeiro, para enfrentar a pandemia é preciso se adaptar à situação — seja por meio do uso da telemedicina ou mudança nos critérios para funcionamento de UTIs —, mas também não abrir mão da segurança dos profissionais. “Os gestores, em todos as esferas, devem estar comprometidos com a proteção e a segurança dos médicos e demais profissionais da saúde que precisam contar com EPIs e infraestrutura adequada para salvar vidas”, pontua.
Ainda de acordo com ele, após o relato ser recebido, automaticamente é direcionados aos departamentos de fiscalização dos CRMs dos estados onde estão as unidades indicadas pelos denunciantes e, com isso, os gestores locais podem realizar as fiscalizações.
O que falta nos hospitais
No País, quase 17 mil irregularidades em infraestrutura de trabalho foram denunciadas ao CFM por médicos que atuam com casos de coronavírus em todo o País. Dentre eles, estão falta de EPIs, insumos, exames para coronavírus e até mesmo enfermeiros e técnicos de enfermagem. Ainda nas denúncias consta problema para acesso e internação nas UTIs.
Segundo o levantamento, 38,2% dos casos notificados é relacionado a falta de equipamentos de proteção individual (EPIs). Ao todo, 1.585 pessoas denunciaram falta deles, sendo 1.585 de máscaras N95 ou equivalentes, 1.417 de aventais, 1.215 de óculos ou protetor facial, 1.038 de máscara cirúrgica, 697 de gorro e 496 de luvas.
Insumos, exames e medicamentos representam 18,9% das denúncias, com 592 reclamações para falta de material educativo de prevenção contra o vírus, 439 para acesso a exames de imagem, 326 para material para uso em UTI e 193 para material para curativo.
Na parte de recursos humanos o índice de denúncias foi de 13,7%, sendo 974 para carência de enfermeiros e técnicos, 690 para médicos, 349 para equipes de apoio, limpeza e cozinha, 310 para fisioterapeutas e 91 para outros
Materiais de higiene foram 13,5% das notificações ao CFM. 502 dessas indicaram a falta de álcool gel ou de álcool 70%, 441 papel toalha, 396 sabonete líquido e 240 desinfetante ou outro insumo recomendado.
Entidades do Ceará
No Ceará, o Sindicato dos Empregados em Empresas de Asseio e Conservação, Locação e Administração de Imóveis Comerciais, Condomínios e Limpeza Pública do Estado do Ceará (Seeaconce) recebeu mais de 200 denúncias de profissionais terceirizados de instituições de saúde sobre a falta repasse de equipamentos de proteção individual (EPIs).
Outra denúncia recebida pelo Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos de Saúde do Estado (Sindsaúde-CE), de que profissionais do Hospital Fernandes Távora estariam usando máscara de tecido, resultou na denúncia do Coren ao Ministério Público e a Justiça por utilização de EPIs inadequados.
Até mesmo o salário dos trabalhadores resultou em denúncias. Profissionais da saúde do Hospital Leonardo Da Vinci, exclusivo para atendimento a pacientes de Covid-19, relataram ao O POVO que não teriam recebido pagamento até esta sexta-feira, 15. Uma das fontes ouvidas afirma que “desde que o hospital abriu, ninguém foi pago”. Já a Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) afirmou que os pagamentos das cooperativas inciaram na última quarta-feira, 13.
Nordeste Notícia
Fonte: O Povo