A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou ontem emergência de saúde pública de interesse internacional pelo surto do novo coronavírus. Identificado pela primeira vez em dezembro, o vírus já deixou 213 mortos na China e infectou 9,7 mil pessoas. Outros 19 países, de quatro continentes, já confirmaram casos. A OMS não recomendou restrição de viagem ou comércio com o país asiático. Mas várias nações já adotam medidas drásticas. A Rússia fechou fronteira com a China nesta quinta-feira – o que já havia sido feito pela Mongólia.
A decisão foi tomada pela diretoria da OMS após consulta a um comitê de especialistas que se reuniu por mais de sete horas em Genebra. É a sexta vez que a entidade declara esse status. A medida permite que os países integrem esforços sanitários, financeiros e científicos na contenção do surto.
O comitê de emergência já havia se reunido duas vezes na semana passada, mas, na ocasião, concluiu que “era muito cedo” para decretar alerta global. O argumento da OMS foi o de que, embora já configurasse emergência na China, o surto ainda estava muito localizado e não representava ameaça internacional. O cenário, porém, se agravou na última semana. Embora mais de 98% das infecções tenham sido registradas em território chinês, o total de países com confirmações tem crescido todos os dias – ontem foram reportados dois casos na Itália.
Na Alemanha, no Japão, no Vietnã e nos Estados Unidos, o vírus já contaminou pessoas que não estiveram em território chinês, o que indica transmissão interna nesses locais, cenário que eleva o risco de propagação global. Esse foi o motivo pelo qual o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, decidiu reconvocar o comitê de emergência e declarar alerta global.
Na entrevista coletiva em que o anúncio foi feito, Ghebreyesus afirmou que, por mais que o número de casos em outros países ainda seja pequeno (98 registros), é necessária ação coordenada entre nações.
“Não sabemos o tipo de dano que o novo coronavírus pode causar se ele se espalhar por um país com um sistema de saúde mais frágil. Precisamos agir agora para ajudar os países a se preparar para essa possibilidade”, declarou Ghebreyesus.
Sobre a decisão de não impor restrições de deslocamento, ele afirmou que “não há necessidade” de interferir nas viagens e comércio internacionais. “Pedimos a todos os países que implementem decisões consistentes e baseadas em evidências. A OMS está à disposição para aconselhar qualquer país que esteja avaliando medidas.”
O presidente do comitê de emergência, Didier Houssin, afirmou que, com a declaração de emergência, a OMS poderá questionar os países que já adotaram medidas restritivas sobre os motivos da decisão. Várias nações já iniciaram triagens de viajantes em aeroportos para detectar possíveis sintomas e retiraram seus cidadãos da região de Wuhan, epicentro do surto.
Acelerar o desenvolvimento de vacinas, tratamentos e diagnósticos também foi uma recomendação da OMS aos países. Além disso, foi reforçada a necessidade de combater a disseminação de rumores.
Em seu pronunciamento, o diretor-geral da OMS ressaltou diversas vezes os esforços do governo chinês em conter a epidemia, numa clara intenção de não causar mal-estar político com o país mais populoso do mundo, peça fundamental para a economia global. (AE)
Histórico
A primeira vez que a OMS declarou emergência foi durante o surto de gripe H1N1, em 2009. Motivaram ainda a declaração as epidemias de poliomielite (2014), zika (2016, com epicentro do surto no Brasil) e Ebola (duas vezes, em 2014 e 2019)
PREVENÇÃO
O Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE), por meio da 137ª Promotoria de Justiça – Defesa da Saúde Pública, oficiou, ontem, 30, as Secretarias de Saúde do Estado do Ceará e do Município de Fortaleza a fim de acompanhar as providências que estão sendo adotadas para o enfrentamento do coronavírus no Ceará, principalmente quanto à existência de um plano de ação para prevenção e combate ao vírus.
O Estado e o Município têm 10 dias úteis para enviar ao MPCE manifestação pormenorizada quanto a cada uma das providências que estão sendo adotadas, inclusive, em relação à existência de plano de contingenciamento inicial.
Nordeste Notícia
Fonte: O Povo