Até pouco tempo atrás, a macaxeira, também chamada mandioca ou aipim, era vista simplesmente como uma fonte de carboidrato. Mas, atualmente, a raiz tem sobressaído em estudos por concentrar outras substâncias protetoras. Um dos trabalhos recentes foi publicado em novembro no periódico científico Food Research International.

A pesquisa revela que os nutrientes do alimento atuam na microbiota e trazem benefícios aos que não podem consumir glúten — proteína presente no trigo, no centeio, na cevada e em seus derivados. Fazem parte desses grupos quem tem a doença celíaca, distúrbio autoimune que desencadeia diarreias e até mesmo desnutrição; e os portadores da intolerância ao glúten, marcada pela dificuldade de digeri-lo e que está por trás de desconfortos como gases e inchaço abdominal.

No estudo, foram utilizadas variedades de mandioca cultivadas no Nordeste e na região Sul do País, que passaram por uma análise detalhada de sua composição química. “Identificamos compostos fenólicos, além de amido resistente e de fruto-oligossacarídeos (FOS), que têm ação prebiótica, o que significa que favorecem a proliferação de bactérias benéficas que habitam o intestino”, comenta Marciane Magnani, professora da Universidade Federal da Paraíba. Ela é orientadora da tese de doutorado em Ciência e Tecnologia de Alimentos que originou a pesquisa, da tecnóloga de alimentos Ísis Meireles Mafaldo.

Macaxeira: como inserir no cardápio cotidiano?

Além das já mencionadas substâncias que favorecem o intestino, a mandioca oferece nutrientes como o potássio, aliado cardiovascular; o magnésio, essencial à saúde óssea; e a vitamina C, que é um potente antioxidante e blinda as células. Não à toa, foi eleita o alimento do século 21 pela Organização das Nações Unidas (ONU).

Para aproveitar tamanha riqueza, uma das sugestões é consumir a versão cozida em água. “Pode compor o café da manhã, almoço, jantar e os lanches intermediários”, sugere a nutricionista.

Lembrando que a raiz é fonte de carboidrato, o nutriente da disposição, então serve como alternativa a pães, arroz, biscoitos, massas, entre outros. Variar os alimentos do cotidiano é uma maneira de sair da monotonia, garantindo um cardápio mais nutritivo, com deliciosas experiências culinárias.

A mandioca ainda faz bonito em receitas de sopas, purês e no famoso escondidinho, por exemplo.

Entre os derivados da raiz, a tapioca tem sido a mais badalada ultimamente, embora esteja presente na rotina dos brasileiros há muito tempo, sobretudo nas regiões Norte e Nordeste. Feita a partir da goma da macaxeira, pode receber os mais variados recheios, mas tradicionalmente costuma ser acompanhada de queijo coalho e peixe.

“É importante pontuar que a tapioca tem alto índice glicêmico, o que significa que pode elevar rapidamente os níveis de açúcar no sangue”, afirma a nutricionista da Einstein.

Para minimizar esse efeito, a dica é combiná-la com fontes de proteína, caso dos queijos, ovos ou frango. “Se quiser incrementar ainda mais, acrescente sementes de chia ou linhaça, que aumentam o teor de fibras e deixam a receita mais crocante”, sugere. Assim, a resposta glicêmica será gradual.

Outro derivado que faz sucesso e carrega tradição é a farinha. São as mais diversas texturas e sabores, desde as mais granulosas até as finas, que servem como acompanhamento para o arroz com feijão, por exemplo, ou entram como ingrediente das farofas. Mas vale evitar excessos. “A farinha pode adicionar muitas calorias ao prato”, avisa Modenezi.

O polvilho é mais um clássico da culinária, vindo da mandioca. O tipo azedo é matéria-prima do pão de queijo, já o doce é usado para preparar sequilhos e biscoitos. “As versões industrializadas [desses pratos] tendem a apresentar muita gordura, já nas receitas caseiras, dá para controlar a quantidade desses ingredientes”, observa a nutricionista. (Por Regina Célia Pereira, da Agência Einstein).

 

Diário do Nordeste

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