conta de energia Enel
Legenda: Conta de luz pode ficar mais cara nos próximos meses no Brasil Foto: Thiago Gadelha

A bandeira tarifária em vigor na conta de luz de todo o Brasil está verde desde abril de 2022, mas a situação pode mudar nos próximos meses. Com o acionamento das termoelétricas causado pela onda de calor, a energia elétrica pode encarecer no País, segundo especialistas ouvidos pelo Diário do Nordeste. Além disso, essa alta está diretamente condicionada a fatores climáticos.

O consumo de energia elétrica vem, dia após dia, batendo recordes em todo o Brasil. No último dia 13 de novembro, às 14h17, pela primeira vez na história, a utilização ultrapassou a marca dos 100 mil megawatts (MW) no território nacional. No dia seguinte, novo pico: 101,4 mil MW às 14h20.

POR QUE USAR AS TÉRMICAS?

Dos dez principais reservatórios que compõem o Sistema Interligado Nacional (SIN) de energia elétrica, nove estão com mais de 65% do armazenamento, o que configura situação confortável perante à geração de eletricidade a partir das hidrelétricas.

Mesmo com a situação nos principais reservatórios que compõem o SIN indicando que há água suficiente para gerar energia mesmo durante os picos históricos de consumo, o ONS optou por acionar mais as termelétricas.

Às 14h47 desta terça-feira (21), no balanço de geração de energia do Operador Nacional, o Brasil estava produzindo 95,3 GW de energia para o SIN. Desse total, cada matriz era responsável por:

  1. Hidrelétricas: 58,5%
  2. Solares: 17,6%
  3. Termelétricas + usinas nucleares: 12,7%
  4. Eólicas: 11%

O restante vinha de importação de países vizinhos, como ArgentinaParaguai e Uruguai.

Essa aumento na demanda pelas térmicas pode ser explicado para manter a estabilidade do fornecimento de eletricidade em todo o País, como explica Bernardo Santana, diretor de regulação do Sindienergia-CE.

“As térmicas de base são acionadas para manter a curva de geração perene, para não ter oscilações e quedas de energia durante o dia, e é o que algumas situações vêm acontecendo em alguns estados do Brasil. É o ONS quem aciona as térmicas para que a energia seja constantemente entregue aos brasileiros”, aponta.

Como a energia renovável – eólico e solar – está sujeita às variações do clima e com as altas temperaturas em todo o Brasil mesmo antes do verão na parte sul do País, as térmicas são uma alternativa rápida para suprir a necessidade crescente por energia.

 

Legenda: Usinas termelétricas são mais acionadas para evitar sobrecarga no Sistema Integrado Nacional Foto: Antônio Azevedo/Diário do Nordeste

Isso acontece principalmente no fim da tarde, onde a eletricidade fica mais cara em razão do pico do consumo. Nesse mesmo momento, cai a produção de energia solar, justo durante o aumento da utilização do sistema.

E NO CEARÁ?

O Brasil, ao todo, tem quatro subsistemas subordinados ao SIN. São eles:

  • Norte (composto pelos estados do Amapá, Amazonas, Maranhão, Pará, Roraima* e Tocantins);
  • Nordeste (composto pelos estados da Região Nordeste, exceto o Maranhão);
  • Sudeste/Centro-Oeste (maior e principal subsistema do País. Composto pelos estados das regiões Centro-Oeste e Sudeste mais Acre e Rondônia);
  • Sul (composto pelos estados da Região Sul).

*Apesar de aparecer como componente do subsistema Norte, Roraima é o único estado do País fora do SIN. A energia para o local provém principalmente de 18 usinas termelétricas movidas sobretudo a diesel.

O subsistema Nordeste se destaca, apesar de ter alguma das principais usinas hidrelétricas do País, principalmente na bacia do Rio São Francisco, por ser o que a energia a partir da força das águas fica em segundo lugar na geração.

A eletricidade oriunda das usinas eólicas é a principal carga feita pelo Nordeste ao SIN. A produção de energia a partir dos ventos na região é diariamente maior do que todos os outros subsistemas somados.

 

Paisagem com turbinas eólicas ao fundo
Legenda: Ceará é um dos principais produtores de energia eólica do Brasil Foto: Kid Junior

No Ceará, um dos principais estados do Brasil produtores de energia eólica, ainda há usinas termelétricas, sobretudo no Complexo Industrial e Portuário do Pecém (Cipp). Até o momento, elas não foram acionadas.

Independentemente do cenário de abundância de fontes renováveis de eletricidade, os cearenses podem observar o aumento no preço da energia, como argumenta Joaquim Rolim, secretário-executivo da Indústria da Secretaria do Desenvolvimento Econômico do Ceará e coordenador da Câmara Temática de Energia do Consórcio Nordeste.

“Os custos adicionais pelo uso de termelétricas pode sim encarecer os custos com energia elétrica, pela aplicação das chamadas bandeiras tarifárias. Tais custos, quando ocorrem são compartilhados por todos os consumidores cativos de energia elétrica no País”, salienta.

 

Diário do Nordeste

Comentários
  [instagram-feed feed=1]  
Clique para entrar em contato.
 
Ajude-nos a crescer ainda mais curtindo nossa página!
   
Clique na imagem para enviar sua notícia!