A pesquisa mais atualizada sobre a situação do comércio, divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revela o impacto da crise no comércio cearense: a segunda maior queda do País no mês de abril e o pior resultado desde o início da série histórica. O recuo foi de 37,2% no volume de vendas no mês em comparação a igual período do ano passado.

Somente janeiro se salvou. Houve crescimento nas vendas no comércio varejista ampliado, de 2,7%. Nos meses seguintes, foram quedas de 2% em fevereiro e 11,7% em março. O resultado de abril pode ser explicado por ser o primeiro mês completo de isolamento social. O Ceará ainda apresenta a quarta maior retração do País no resultado acumulado das vendas em 2020, de 11,8%.

Dentre os destaques negativos está tecidos, vestuário e calçados (-87,9%). O único resultado positivo foi em hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (2%). No varejo ampliado, as atividades de veículos, motos, partes e peças e material de construção caíram 42,4% e 48,2%, respectivamente.

De acordo com o presidente da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Ceará (FCDL-CE), Freitas Cordeiro, a crise para o comércio é comparável a um “incêndio” de grandes proporções e que somente será possível ter real noção das perdas após o “rescaldo”. Ele acrescenta que a situação do varejo cearense antes da crise já era preocupante, com empresários com problemas nas contas pelo desempenho fraco da economia, principalmente pelo desaquecimento do consumo das famílias.

Freitas ressalta que, mesmo com a reabertura, já era esperada uma retomada lenta. O que vem preocupando os empresários atualmente é a demora e a burocracia em torno de recursos do Governo Federal liberados em forma de financiamentos. Agora, o pleito da FCDL-CE é por um Refis para os tributos estaduais. “O problema é que as empresas não têm acesso aos créditos oferecidos pelo governo. O momento é de emergência e os empresários não estão com o propósito de enganar ninguém. O Refis seria mais que oportuno”.

No quadro nacional, a situação não é menos preocupante. De acordo com levantamento da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o varejo deverá ter 10,1% de retração neste ano. “Esse cenário contempla a flexibilização contínua e gradual da quarentena. Caso a pandemia reacelere, as perdas serão maiores”, alertou o economista Fábio Bentes, responsável pelo estudo.

O volume de vendas no varejo recuou 16,8% em abril, em relação a março, registrando a maior retração mensal do indicador em toda a série histórica da pesquisa – iniciada em 2000 – e igualando-se ao nível observado em janeiro de 2010.

De acordo com a CNC, os comerciantes brasileiros já podem afirmar que perderam um mês inteiro de vendas com o novo coronavírus. Segundo cálculos da CNC, em 12 semanas de pandemia (de 15/3 a 6/6), os prejuízos do setor com a crise alcançaram impressionantes R$ 200,71 bilhões. O valor é equivalente à média mensal de faturamento do varejo antes do surto de Covid-19.

O economista e diretor técnico da Fecomércio-CE, Alex Araújo, afirma que o comércio não tem muito o que comemorar olhando no longo prazo, pois a retomada corre riscos, visto que tudo depende do nível de cumprimento de medidas de distanciamento social.

“Com as comemorações do Dia dos Namorados, o segmento de perfumaria, por exemplo, teve uma movimentação expressiva, mas ainda não sabemos se isso é sustentável. Sabemos que existia uma pressão pela retomada econômica, mas, por enquanto, as informações são contraditórias, alguns segmentos têm mostrado rendimento além do esperado”, complementa Alex.

Nordeste Notícia
Fonte: O Povo

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