Com 15,93% da capacidade de abastecimento, o sistema hídrico do Ceará está com 4,32 pontos percentuais a mais com relação ao mesmo período do ano passado — quando somava 11,61% do volume total. No entanto, o cenário é considerado preocupante devido a discrepância entre o volume das bacias localizadas nas regiões Norte e Litoral em comparação às bacias no Centro-Sul do Estado, que apresentam quadro mais crítico.
A oito dias para o início da pré-estação chuvosa, que ocorre nos meses de dezembro e janeiro, a espera é de que as chuvas sejam dentro da média para que o solo seja umedecido para a quadra-chuvosa, nos meses de fevereiro, abril, maio e março.
A diferença nos cenários decorre da má distribuição das chuvas na estação chuvosa deste ano. As bacias do Coreaú (72,70%), Litoral (70,46%), Acaraú (54%) e Serra da Ibiapaba (62,57%) estão em situação considerada “confortável”, segundo João Lúcio Farias, presidente da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh). De outro modo, o abastecimento nas bacias do Banabuiú (6,89%), Sertões de Crateús (6,41%) e Médio Jaguaribe (3,52%) são preocupantes.
“As chuvas têm sido melhores mais ao norte. É o que ocorre nos últimos anos. Mesmo com a situação um pouco melhor, a distribuição em nível de Estado tem esse diferencial. Menos intensas na região do Jaguaribe e no Sertão de Crateús”, avalia João Lúcio. A situação nos maiores açudes, considerados os “pulmões de água do Estado”, também preocupa. São eles o Castanhão (3,42%), o Orós (6,02%) e o Banabuiú (6,47%).
Dos 155 reservatórios monitorados pela Cogerh, nenhum está sangrando, 25 estão em volume morto e 13 estão secos, conforme a Resenha Diária de Monitoramento divulgada no Portal Hidrológico. Do total, 85 estão com volume abaixo de 30% da capacidade. Apenas o Germinal (96,57%), localizado na bacia Metropolitana, está com mais de 90% do volume.
De acordo com o presidente da companhia, o Sistema Metropolitano, composto pelos açudes Pacajus, Pacoti, Riachão e Gavião estão em situação melhor ante ao ano de 2018. Atualmente, o sistema soma 54,83%, enquanto há uma ano o total era de 27,77%. “Foram as chuvas desse ano. Tiveram uma recarga boa para garantir o abastecimento sem transferir do Castanhão. Estamos usando apenas as águas locais da região Metropolitana”, completa.
Meteorologista da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), Raul Fritz explica que a importância da pré-estação chuvosa, prestes a iniciar no Ceará. “Se apresentar chuvas constantes e regulares, ajuda a umedecer o solo e facilitar o escoamento superficial da água a partir da quadra chuvosa, ajudando na recarga hídrica”, detalha.
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Novembro
O acumulado parcial deste novembro no Ceará é de 0,5 mm, o que representa em torno de 10% da média para o mês (5,8 mm). Em 2018, foram registrados 15,8 mm (quase o triplo da média) no mesmo mês. Os dados são da Funceme. Das oito macrorre- giões divididas pela Fundação, sete têm chuvas abaixo do normal para este mês.
Nordeste Notícia
Fonte: O Povo/Ana Rute Ramires