Neste Dia dos Namorados, eles devem celebrar o sentimento que estão construindo há pouco mais de três anos. Na prática, será como todos os dias. Esperam, pela manhã, fazer hidroginástica juntos, como gostam de fazer praticamente tudo. “Estou com esse homem do lado esquerdo do peito. Para onde eu vou, ele vai”, brinca Rosália.
Ela conta que tudo começou numa grande amizade. Os dois se conheceram nas atividades em comum da instituição, que separa as alas de homens e mulheres. “Achei ele tão bonito”, lembra Rosália. A paixão veio com as conversas, as aulas de hidroginástica, os almoços juntos. Cresceu nas canções que Rosália gosta de cantar para Sérgio.
Um dia, ele a pediu em namoro, e ela aceitou. Trocaram beijos e passaram a compartilhar mais ainda a rotina. Uma fotografia do casal tem rodado as redes sociais, alguns estados e até uma exposição. É um lembrete de que as instituições de longa permanência estão mudando e podem ser um espaço de vida e celebração do amor.
“Somos a favor do amor. A gente deu muito apoio”, diz a gestora da Casa São Miguel, Márcia Alencar. Rosália e Sérgio namoram como na adolescência. Cada um mora em uma ala diferente da instituição. Cada um em sua cadeira de rodas, passeiam e celebram o sentimento que os une.
A imagem deles é uma das 21 que integram a exposição fotográfica “Memórias de Permanência”, aberta à visitação no Complexo Cultural Estação das Artes. São registros feitos por profissionais de instituições de longa permanência para romper os estigmas da institucionalização neste junho violeta, mês da campanha em defesa da população idosa. A mostra é uma parceria entre o Ministério Público do Ceará e a Associação Cearense Pró-Idosos.
“Isso mostra que instituição não é um depósito, um lugar que você simplesmente deixa o idoso. É um lugar de vida”, destaca Márcia. Rosália e Sérgio concordam. De mãos dadas, eles foram visitar a exposição na Estação das Artes. Viram a vida que reinventam todos os dias na própria imagem. “Fico emocionada”, diz Rosália, enquanto conta sua história.
g1